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sexta-feira, 1 de julho de 2011

A cóltura do nabo




O secretário Viegas entrou a matar.
A tomar decisões estruturantes, pois então.
O lírio de Israel transmontano é todo pelas medidas estruturantes. Vai daí começou logo pela base, a estrutura, isto é, pela arte antiga. Agora vai por aí acima.
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Um retábulo de século XVI foi a leilão em Lisboa. A obra, uma pintura de Diogo de Contreiras, o “mestre de S. Quintino”, conhecida como o retábulo da capela do Porto da Luz, em Alenquer é, segundo o leiloeiro, “um dos poucos retábulos conhecidos do sec. XVI”. O director do Museu Nacional de Arte Antiga aconselha mesmo a sua aquisição pelo Estado, mas este, através da sua “secretaria da cultura”, já fez saber que não tenciona exercer o seu “direito de preferência”.
A base de licitação era de 125 mil euros; quase tanto como o que o município da Figueira da Foz, em aflitivo rigor mortis, perdão, orçamental, gastou com o foguetório do arraial de S. João. Mas o estado, em cilíciosa contenção de despesas, não gastará nem mais um cêntimo com Contreiras (um subsídiodependente que ficou a dever a sua formação, em Paris, à generosidade do nosso bom rei D. João III, tão injusta e aleivosamente acusado por Alexandre Herculano de ser um imbecil e o fanático responsável pela introdução em Portugal da Santa Inquisição, que tão bons frutos deu à cultura e à economia deste país).


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Ou seja, o que o terramoto de 1755 não fez pelo património em Portugal faz agora o secretário da cultura. Ou o mercado. Sim, porque com ele não há cá ”deixem-me trabalhar”. Com ele, é mais “deixem trabalhar o mercado”.
Se a cultura nesta choldra não merece sequer um ministério, pois já está entregue à tutela dos santos mercados, para que caralho precisa de um secretário?
Sempre se poupava mais um salário de uma figura triste.
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Ao alto, Calvário, de Diogo de Contreiras.


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