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domingo, 17 de abril de 2011

O candidato marrano


A campanha eleitoral aproxima-se alegremente e já é visível um curioso fenómeno: ao contrário de outros partidos, à esquerda e à direita, os dois partidos “do arco da governação” não têm ideias, têm clientes. Os seus verdadeiros programas são os rostos dos seus candidatos a deputados. Por isso é tão importante para eles a escolha dos cabeças de cartaz deste espectáculo já um tanto decadente.

Ao contrário de algumas vozes insuspeitas, eu não acho que o PSD seja o partido mais estúpido do mundo. Mas está na luta. O seu irmão gémeo nesta peculiar refrega clientelar não lhe fica atrás. Acaba agora de escolher Basílio Horta para cabeça de lista por Leiria, o que faz dele (para quem ainda não tinha reparado) um patusco caso de estudo de um partido socialista às direitas. .

Mas ao contrário do partido socialista, cujas escolhas são previsíveis de tão óbvias, o PSD não pára de surpreender. Depois da pitoresca escolha de Fernando Nobre para candidato por Lisboa a presidente da Assembleia da República (!!), eis que agora escolhe Francisco José Viegas para candidato a deputado. Por Bragança. Nem mais. Enquanto Nobre é um médico activista que preside uma associação assistencialista que, segundo vozes insuspeitas, “vai a todo o lado desde que falem dele”, Viegas é um jornalista que é poeta e escreve romances policiais, guias gastronómicos e de viagens e a quem não falta quem edite a prosa e o verso pois ele próprio também é editor. Além disso é “um liberal à moda antiga” e, segundo a wikipédia, um homem muito religioso, há uns anos "abandonou o catolicismo da sua tradição familiar e converteu-se ao judaísmo". O seu sonho era ser Manuel Vasquez Montalbán mas o mais certo é ser eleito deputado por Bragança e acabar, na melhor das hipóteses, a ministro da cultura do governo de Portugal. Mazel Tov.

É pois inegável pela evidência que o partido das facas longas é um partido com um sentido de humor exquis, eivado de uma nonchalance muito próxima da bizarria. .

Que outro partido se lembraria de escolher um filho (ainda que adoptivo) de Israel para encabeçar a lista de deputados do distrito do fumeiro?

Deve ser isto o famoso humor judaico. É de ir às lágrimas. .

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2 comentários:

Daniel Abrunheiro disse...

Este Viegas é ranço.

cid simoes disse...

É o arrumar da casa ideológica.