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terça-feira, 5 de abril de 2011

Eduardo Souto Moura


“Foge cão que te fazem barão! - P'ra onde, se me fazem visconde?”

Almeida Garret .
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Talvez por inclinação ou deformação, sou, quiçá mais do que outros, demasiado sensível à fealdade, à desmesura, à poluição visual. Nos tempos que me foram dados viver, o triunfo alarve da publicidade, o contributo zelosamente omisso de burocratas municipais, o empreendedorismo urbanista de inefáveis empreiteiros iluminados e a crapulosa e inimputável actividade comercial de companhias lucrativas (como as da água e da electricidade) transformaram os espaços urbanos em deprimentes pesadelos visuais.

E contudo, existem artistas. E arquitectos. Como Eduardo Souto Moura. Para pôr alguma ordem, alguma higiene, enfim, alguma beleza, no mundo construído pelos homens. Gosto do seu desenho depurado, essencial, sem ornamentos nem baboseiras, onde toda a beleza reside na maneira como a forma se adequa à função.

Mas o arquitecto, agora premiado com o Pritzker “pela sua contribuição para a linguagem da arquitectura”, queixa-se que as suas obras construídas estão ao abandono e que as obras em construção estão paradas por falta de verba. Aconselha mesmo os seus mais jovens colegas de profissão a emigrar.

Mas para onde emigraremos nós outros, os simples paisanos, sr. arquitecto?

-Se Vinícius tinha razão e "a beleza é fundamental", a verdade é que, como dizia Delacroix, "o horrível está por toda a parte".

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