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O fim da arte inferior é agradar,
o fim da arte média é elevar,
o fim da arte superior é libertar
Fernando Pessoa.
o fim da arte média é elevar,
o fim da arte superior é libertar
Fernando Pessoa.
O corajoso anónimo que me descompôs a respeito da minha opinião sobre a nova unanimidade das artes nacionais levou-me a algumas reflexões sobre uma recente mas notória mudança de gosto e de atitude dos portugueses (até mesmo dos menos alfabetizados) em relação à arte.
Trata-se de uma mudança, subtil mas drástica, de paradigma.
Como tenho vindo a observar e a referir em vários posts, o que há uns anos agradava aos portugueses eram coisas que eles reconheciam e em que gostavam de se rever (paisagens, retratos, marinas etc.).
Trata-se de uma mudança, subtil mas drástica, de paradigma.
Como tenho vindo a observar e a referir em vários posts, o que há uns anos agradava aos portugueses eram coisas que eles reconheciam e em que gostavam de se rever (paisagens, retratos, marinas etc.).
Agora já lhes agrada a abstracção, o happening, a performance e até, imagine-se, a instalação. Dito de outro modo: se outrora só gostavam de merdas bonitas, agora também gostam de merdas patuscas.
Nesta mudança de atitude mental não foi despiciendo o papel de um conhecido especulador bolsista que alguma imprensa refere generosamente com o eufemismo "empresário": Joe Berardo; foi ele o matuto connoisseur que mostrou aos tugas que um “comentário à contemporaneidade” pode ser um “activo que não desvaloriza”; o que, isso sim, não só lhes agrada como, sobretudo, entendem.
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Nesta mudança de atitude mental não foi despiciendo o papel de um conhecido especulador bolsista que alguma imprensa refere generosamente com o eufemismo "empresário": Joe Berardo; foi ele o matuto connoisseur que mostrou aos tugas que um “comentário à contemporaneidade” pode ser um “activo que não desvaloriza”; o que, isso sim, não só lhes agrada como, sobretudo, entendem.
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Devo contudo dizer que não subscrevo a citação de Fernando Pessoa em epígrafe; não compartimento a arte por castas e não partilho da sua visão messiânica da arte “superior”. Depois de anos de trabalho e de pensar nisso todos os dias, creio mesmo que só existe “uma” Arte, embora não seja capaz de lhe atribuir um “fim” específico - talvez o conseguisse com o recurso a extravagantes paradoxos, como Camões no soneto em que definiu o amor - mas não sou suficientemente bom com as palavras.
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Em breve inaugurarei uma exposição: 8 achados e 1 ready-made (em premiére mundial – uma paráfrase da célebre fountain, de Duchamp). Esta mostra será, no entanto, um “comentário à contemporaneidade” cuja capacidade de agradar me causa muitas dúvidas.
Mas vivo bem com isso: nem mais elevado, nem menos liberto.
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4 comentários:
À qual muitos se vão habituando.
Por lo menos esta merda es bonita... hay algunas que ni eso...
Rico post.
Comentário do corajoso anónimo que afinal o fez sentar e escrever uma interessante e bonita epístula:
-Pq n apostar em sanitas? Já estão ready made e prontas a entregar na Sanitana!
Entretanto, felicidades para a sua estreia mundial.
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