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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Poema de carnaval


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Em Veneza (um dos carnavais de referência) o carnaval é um logro, uma imensa encenação mascarada para turistas. A Sereníssima, ela própria, que sempre pontuou pelo cinismo, não passa já de uma (ainda que magnífica) metáfora visual. Toda a gente o sabe e ninguém se importa; excepto os turistas e os americanos, que nem desconfiam. Os últimos venezianos, esses, por esta altura abandonam a laguna e vão a banhos para outro lado.
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Mas, se em Veneza o divertimento é cínico e velado, no Rio de Janeiro é descarado e generoso. Trata-se do triunfo da nudez do corpo e dos instintos, acompanhado da suspensão (por três dias) de todo o tipo de preconceitos bem enraizados na sociedade brasileira (sexuais, sociais e raciais). Também é uma indústria para turistas.
Nesta altura, os naturais com possibilidades, põem-se ao fresco; os outros, safam-se como podem.
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Já em Portugal, o carnaval é uma indústria que eu não entendo. Uma triste e patética mascarada de pacóvios.
Mas já aqui lhe dediquei um “poema”.
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2 comentários:

Anónimo disse...

"põem-se"

Fernando Campos disse...

Corrigido. Obrigado.