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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Paula Rego





“-O que a leva a pintar? Porque pinta?Pinto para dar face ao medo, como disse, acabei de dizer a uma professora de Artes Plásticas que me fez a mesma pergunta.– Mas hoje já não há medo aqui. Havia nos anos em que pintou estas obras?– Acha que não há medo agora? Não sente medo? Eu sinto.– Sente medo ou medos, de quê?– Sinto muito medo!”

Paula Rego ao “Correio da Manhã”*




Paula Rego é alguém muito invulgar.
Como artista, é peculiar. Nestes tempos em que tudo é cada vez mais conceptual, Paula faz compulsivamente (com as mãos ambas) algo tão físico que já quase nenhum artista faz: desenhar.
Como portuguesa, é uma excepção incaracterística. Não faz aquilo que distingue os portugueses: rodriguinhos, eufemismos, paninhos quentes. Paula escarafuncha na ferida exposta com um requinte cirúrgico e um deleite evidente. O seu trabalho tem uma característica que partilha com o grande Picasso: uma manifesta crueldade.
Receio que este meu apontamento padeça do mesmo mal.
----------------------------------------------------------------------------------*Eis o que sempre quis perguntar a Paula Rego e nunca tive oportunidade. É um momento zen de jornalismo de entretenimento com veleidades culturais. Está lá tudo: a irrelevância, a curiosidade vazia e a ignorância activa.
Querem mais? Comprem o Correio da Manhã, o jornal que faz tudo pelo analfabetismo funcional.

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