O texto que se segue é, como prometido, o resto da estória da minha viagem ao Lorvão, no regresso de Penacova.

De visita ao Mosteiro, por entre os urros que me chegavam do hospital psiquiátrico (que ocupa uma das suas alas), lá fui ouvindo a ladainha amargurada do guia e pude constatar in loco o estado de abandono do património e da cultura no país berardo do faz de conta que é modernaço, que quer avanços tecnológicos e até arte contemporânea (!).
Eu vi, de um órgão com 61 registos e duas fachadas opostas, apenas o rococó decrépito das fachadas.
Vi um claustro destroçado e decadente.
Vi duas telas enormes (uma delas representa Stª Teresa, filha de D. Sancho I), “acabadinhas de chegar do restauro”, encostadas no chão a uma parede e já manchadas pelos dejectos dos pombos.
Vi, numa sacristia, um sórdido caos de dezenas de telas, tábuas e esculturas (dos séculos XIV a XVIII) a precisar de restauro, talvez já impossível.
Vi, no cadeiral do coro, em nogueira e jacarandá negro do Brasil, uma parte deteriorada por um incêndio em 1970(!) e nunca recuperada.
Vi na sala do capítulo, entre pó e teias de aranha, em vitrina carcomida pela traça, uma Custódia em prata, entre outros tesouros mais ou menos deteriorados.
Bem se vai para fora , fica-se mal por dentro.
Mas eu recupero.
.
.
2 comentários:
Triste, triste, é que somos mesmo o país berardo, o país globalizado por excelência. E, sinceramente, vai ser muito difícil dar a volta a isto.
Em Lorvão há poucos votos para os caciques fazerem promessas o património que preocupa os partidos dos financiamentos ilícitos não é certamente o património cultural ou histórico
Enviar um comentário