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quarta-feira, 25 de julho de 2007

A cidade e as serras (1)

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(o mondego do mirante Emygdio da Silva, Penacova)
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No passado fim-de-semana estive fora. Penacova. Apenas a três quartos de hora da Figueira da Foz e é, de certo modo, um outro mundo. Longe do sambódromo oceânico e pacóvio da marginal, do rotineiro turismo do pneu e da distorção esgalhada e adolescente de Brenha em chamas. Ou labaredas. Ou isso.
Sossego. Calma. Volúpia.
Uma paisagem que respira, embora já ameaçada pela invasão do eucalipto, poupada ainda pela especulação imobiliária.
Uma praia fluvial preciosamente cuidada e, entre duas margens magníficas o belo Mondego, onde se pesca, se nada, e se pratica desportos como vela, remo, canoagem, wind-surf e sky aquático (a montante, na Aguieira).

(os moinhos de Gavinhos)

Claro que para além disto e da bela pérgola de Raul Lino com a sua vetusta e soberba glicínia, da paisagem deslumbrante que se avista do mirante Emygdio da Silva, de uma delicada exposição de pintura, nos Paços do Concelho, também me deparei com horrores e perplexidades.

Como por exemplo, na reabilitação urbana da cidade, pequena, de ambiente bucólico e com uma história vetusta de construção em pedra e madeira, o uso maciço e abusivo do cimento, da pedra “reconstituída” e do aço inox. Duvidoso e deplorável. O triste equívoco entre reconstrução e restauro (exemplo conhecido: o Paço de Tavarede) exibe um país no qual a construção não tem lugar para construtores, apenas para pedreiros e empreiteiros. De engenheiros estamos conversados.

Mas, já no regresso e após visitar, em Gavinhos, os seus moinhos e de outra vez desafiar o fôlego com outra visão soberba de campos, pequenos povoados e de serras diluídas na neblina do horizonte, aguardavam-me verdadeiros horrores, no Lorvão.

Em breve contar-vos-ei.

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1 comentário:

carlos freitas nunes disse...

Não vale Fernando, isso era um segredo -)) mas já que descobriste, é dessa necessidade de reeducar o olhar, de conhecer-mos o que existe junto da porta na vez de ir em busca de lugares exóticos...que só o são porque os não conhecemos...ora lugares exóticos até junto da porta descobrimos. Existem, os moinhos, porque o Vitorino Nemésio resolveu virar Quixote, e prestigio para o conseguir, e protege-los! Embora junto a um dos conjuntos de moinhos tenham lá colocado um mono com um figura qualquer que devia ter sido proíbida, mas enfim religião é religião. E já falam para as serranias envolventes de Penacova na colocação de torres eólicas...o que não deixa de ser uma forma de estragar o horizonte.