.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

para compreender melhor o “santanismo”

"Entretanto ululam outra vez, na Figueira, ventos messiânicos. A História da Figueira é a história do sebastianismo-de-praia, em círculo vicioso e viciado, repetitivo e redundante. A atracção colectiva pelo abismo é uma dança macabra e celebra-se alegremente, cantando e rindo. O que foi comédia triste promete repetir-se em farsa patética. A Figueira, que já é uma anedota pronta, prepara-se de novo para ser a risota do país,” vaticinava eu, a 19 de Julho. 

Dito e feito (eu só não acerto no euromilhões). Hoje, o triunfo do sebastianismo de praia é uma realidade consumada na Figueira e, com o regresso em ombros do desejado, o santo nome da Figueira está de novo onde os figueirinhas tanto gostam que esteja: na imprensa cor-de-rosa, na marron, na rubrica de faits-divers dos telejornais e nas expressões dos humoristas.

Na Figueira ninguém se questiona sobre o estranho fenómeno que leva gente aparentemente sensata e habitualmente circunspecta a uma euforia ensandecida pela idolatria (presumo que para os groupies figueirinhas se trate de uma simples questão de fé, ou seja, de algo que dispensa por completo o entendimento). Não obstante, esta espécie de messianismo patusco, o santanismo, é um fenómeno tipicamente figueirense - ou seja, algo circunscrito ao seu território; uma especificidade regional. Na verdade, trata-se de um estado-de-espírito latente na cultura popular local e agora a reviver mais uma das suas múltiplas reencarnações.

Para compreender o santanismo é necessário conhecer as razões profundas de uma fé cega num caudilho com dois olhos, meia-idade e uma grande cabeça sem programa nem ideias que se vejam. Mas também é preciso conhecer o meio, a gente, o contexto, a história, a circunstância e a bizarria do único lugar de Portugal e talvez do mundo, onde é possível que, num espaço de vinte anos, caia duas vezes o mesmo raio. É indispensável conhecer a Figueira.

O “Discurso sobre a Figueira”, que compus durante o confinamento, é, penso, obra para satisfazer essa curiosidade. A primeira edição esgotou-se logo em Fevereiro entre os leitores deste humilde blogue. Permiti-me, em Julho, pagar a impressão de uma segunda, destinada à venda em banca na Figueira da Foz, que se revelou, como certamente logo calcularam (eu também) o mais pré-anunciado fiasco da história da auto-edição. De maneiras que tenho em armazém quase cinquenta exemplares de uma obra única, essencial, para quem quer saber mais, saber tudo sobre a Figueira e sobre todos os seus fenómenos e epifenómenos, e assim.

Trata-se de um

Divertimento em forma de panfleto sarcástico

composto em prosa jocosa e escarninha

alguns apartes entre parênteses

e vários movimentos

sumptuosamente ilustrados

com preciosas metáforas

e impresso em resma de eucalipto

sem notas de rodapé

por um tal Fernando Campos de Maiorca

nesta cidade

No ano desgraçado de MMXX

Figueira da Foz

e é afinal de uma obra rara, única no seu género; um estudo exaustivo do meio, do ambiente e do factor humano figueirenses. Tem tudo para se tornar um Clássico (como aliás explico no preâmbulo), com perspectiva histórica, análise microscópica de contexto, visão distanciada e tal. Uma verdadeira monografia, pouco académica é certo, mas muito séria (no sentido da honestidade) e nada complacente.

Assim, quem quiser adquirir esta obra, basta contactar-me para fernaocampos1@gmail.com manifestando-me esse desejo. 
De seguida, contactá-lo-ei facultando-lhe as coordenadas do meu IBAN. 
Assim que depositar 12.06€ (10€+2.06€ de custos de correio) na minha conta, logo cuidarei de lhe enviar o exemplar para o endereço desejado, onde chegará certamente com a celeridade que permite a eficiência dos nossos CTT.
. 

1 comentário:

cid simoes disse...

Não se compreenderá o 'santanismo' se não se ler este livro.