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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

a ideologia figueirinhas



“Numas eleições autárquicas, não devia haver partidos mas sim, pessoas da terra, interessadas no desenvolvimento da Autarquia, respeitando os cidadãos, O PDM, o meio ambiente. Alguém que, com dedicação e sem protagonismos de qualquer espécie, se assuma como um líder, em prol do bem estar dos cidadãos. Nesta perspetiva, era olhar para trás, e ver quem, ao longo dos vários mandatos, independentemente dos partidos a que pertencem, melhor se dedicou ao desenvolvimento da autarquia. Pegar nesse grupo de pessoas, e colocá-los numa câmara. Tínhamos uma supercâmara!”

Este naco de prosa, que catei no Face book, no mural de uma “amiga”, é o cândido exemplo de muito mais do que a “consciência política” de uma certa cidadania que até vota e tudo – trata-se de uma verdadeira ideologia; ou, melhor dizendo, do exemplo acabado do mais autêntico pensamento político figueirinhas.

O seu orgulhoso autor (de quem piedosamente não me apetece mencionar o nome) não é, contudo, um cândido analfabeto, pois apresenta-se como “librarian”, o que indicia que é alguém capaz de partilhar com os outros a sua visão do mundo de candidato a miss em, pelo menos, duas línguas.

Na curiosa forma de democracia proposta por este filósofo figueirinhas, os eleitores escolheriam os seus representantes mais ou menos como se identificam os suspeitos numa esquadra de polícia: a dedo. Seria lindo. Muito melhor que com esta coisa dos partidos, e da democracia representativa oláoquié, que é muita confusão. Todo um pugrama, em poucas linhas - que é para se fazer entender melhor.

Não me espanta nada que esta sensibilidadezinha cívica já esteja toda molhadinha e particularmente predisposta aos avanços de Miguel Poiares Maduro, essoutro filósofo figueirinhas (sobre quem já me debrucei aqui) que foi porta-voz do governo mais à extrema-direita que este país teve desde o 25 de Abril, aquele que adoptou orgulhosamente o terrorismo social como pugrama.

Poiares Maduro agora vem coordenar a candidatura do pêpêdê à Câmara Municipal. E apresenta-a – segurem-se - como a candidatura “supra-partidária”.
 

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