“Numas eleições autárquicas, não devia haver partidos mas sim, pessoas da terra, interessadas no desenvolvimento da Autarquia, respeitando os cidadãos, O PDM, o meio ambiente. Alguém que, com dedicação e sem protagonismos de qualquer espécie, se assuma como um líder, em prol do bem estar dos cidadãos. Nesta perspetiva, era olhar para trás, e ver quem, ao longo dos vários mandatos, independentemente dos partidos a que pertencem, melhor se dedicou ao desenvolvimento da autarquia. Pegar nesse grupo de pessoas, e colocá-los numa câmara. Tínhamos uma supercâmara!”
Este naco de prosa, que catei no Face book, no mural de uma “amiga”, é o cândido exemplo de muito mais do que a “consciência política” de uma certa cidadania que até vota e tudo – trata-se de uma verdadeira ideologia; ou, melhor dizendo, do exemplo acabado do mais autêntico pensamento político figueirinhas.
O seu orgulhoso autor (de quem
piedosamente não me apetece mencionar o nome) não é, contudo, um cândido analfabeto,
pois apresenta-se como “librarian”, o que indicia que é alguém capaz de
partilhar com os outros a sua visão do mundo de candidato a miss em, pelo menos,
duas línguas.
Na curiosa forma de democracia
proposta por este filósofo figueirinhas, os eleitores escolheriam os seus
representantes mais ou menos como se identificam os suspeitos numa esquadra de
polícia: a dedo. Seria lindo. Muito melhor que com esta coisa dos
partidos, e da democracia representativa oláoquié, que é muita confusão. Todo
um pugrama, em poucas linhas - que é para se fazer entender melhor.
Não me espanta nada que esta sensibilidadezinha
cívica já esteja toda molhadinha e particularmente predisposta aos
avanços de Miguel Poiares Maduro, essoutro filósofo figueirinhas (sobre quem já
me debrucei aqui) que foi porta-voz do governo mais à extrema-direita que este
país teve desde o 25 de Abril, aquele que adoptou orgulhosamente o terrorismo
social como pugrama.
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