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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

José Vieira Marques


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Na véspera do dia em que começa a edição 2019 do renascido Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz, é sempre bom lembrar José Vieira Marques, que foi um dos seus fundadores e seu secretário-geral durante três décadas (até ser suprimido, atribuladamente, em 2002, por Santana Lopes).
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O festival foi muito importante – transformando durante anos, na primeira quinzena de Setembro, uma pasmacenta cidadezinha de província como a Figueira da Foz numa meca do cinema - divulgando cinematografias desconhecidas ou experimentais e modos de produção independentes - atraindo cineastas, críticos, actores, jornalistas e um público cinéfilo anónimo e entusiasta que transformava os seus debates no final das sessões em acaloradas e divergentes madrugadas inesquecíveis. Segundo Lauro António, “Quem gosta de cinema e tem mais de 40 anos, não esqueceu certamente este festival, e quem é mais novo, e não for totalmente tolo, tem obrigação de fazer pela vida e saber de História”. Para Luís Vilaça, “o Festival da Figueira foi um marco importante neste país de brandos costumes e o seu director foi um agitador de consciências. Promoveu como poucos o cinema português".
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Mas Vieira Marques também nunca foi de unanimidades. “tinha o seu feitio,” dizem - que nunca impediu, contudo, o seu amor inquestionável pelo cinema e por todas as maneiras de o tornar possível. Ex-padre de formação humanista e visão plural da vida e da sociedade, encarava o cinema como uma forma de promoção da cultura e do conhecimento. Morreu em 2006 - deixando lamentavelmente por concluir uma, decerto valiosíssima, “História do Cinema”.
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Quanto ao novo festival, herdeiro do de Vieira Marques, já não é o mesmo – os tempos também são outros – já não existe público cinéfilo curioso e noctívago, aberto a outros olhares, à discussão aberta e às ousadias da experimentação. Mas o entusiasmo e o amor incondicional pelo cinema é bem o mesmo - está intacto – certamente nos que trabalharam o ano todo para que esta quinzena fosse, de novo, possível.
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