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domingo, 10 de junho de 2018

O chauvinismo “maior cá”.


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Segundo o Diccionário Houaiss, chauvinismo é um termo que designa «patriotismo fanático, cego, agressivo» e quer dizer, por extensão de sentido, o «entusiasmo excessivo pelo que é nacional, e menosprezo sistemático pelo que é estrangeiro» ou «entusiasmo intransigente por uma causa, atitude ou grupo».  
Etimologicamente, ainda segundo o Houaiss, chauvinismo deriva do «antropônimo Nicolas Chauvin + -ismo, provavelmente por influência do francês chauvinisme (1834) "id.", de Chauvin, nome de um soldado francês que exaltava ingenuamente as armas do primeiro Império, tipo popularizado e ridicularizado por seu extremado patriotismo, no vaudeville de Cogniard (1806-1872) La Cocarde Tricolore (1831)».
O dicionário Houaiss acrescenta ainda - ainda dizem que os dicionários não têm sentido de humor - que o «vocábulo é considerado galicismo pelos puristas, que sugeriram em seu lugar: nacionalismo exacerbado, xenofobia».

A propósito: nesta posta, de 24 de Outubro de 2017, a respeito de uma assembleia de freguesia da terra que escolhi para viver, eu referi que uma atenção continuada à plítica local seria um manancial de motivos para caricatura. Não me enganei.
Contudo, ainda assim, na mais recente Assembleia de Freguesia fui surpreendido. Não por um pressuposto mais extravagante por parte de um qualquer político  - da situação ou da oposição - mas por uma intervenção de alguém que se manifestou apenas quando foi concedida a palavra ao público.
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A minha surpresa foi tal que, confesso, fiquei estarrecido, sem palavras nem reacção, porque fui eu o visado. Ou melhor (ou pior), fui atingido sem nem sequer ter sido visado. Eu explico: Maria José Sousa, secretária da Junta de Freguesia, tomou a palavra como simples freguesa para, em nome de uma qualquer suposta maioria silenciosa indignada, admoestar violentamente a deputada municipal da CDU Silvina Queiroz por esta ter alegadamente ultrajado os santos valores maiorquenses (seja lá isso o que for). 
Silvina Queiroz foi duramente invectivada por ter lido numa rede social (com agrado, ao ponto de o ter comentado nesse sentido), o texto humorístico de minha autoria que referi acima ao qual, sem jamais me nomear, Maria José Sousa atribuiu aleivosos e devastadores considerandos sobre a honra, a virtude e, que sei eu, a dignidade e o prestígio do passado, do presente e do futuro da freguesia de Maiorca.
Ou seja, Maria José Sousa, secretária da Junta, foi a protagonista de um acto político assinalável - visou alto, afrontando uma deputada municipal, que estava ausente, declarando-a na prática (com mandato de sabe-deus-quem) persona non grata em Maiorca, atingindo-me a mim, que estava presente, mas desprevenido. Não foi bonito. Nem muito elegante. Se eu fosse um purista, qualificá-lo-ia mesmo de xenófobo; mas como não sou esquisito com estrangeirismos, chamo-lhe apenas chauvinista.

E também não guardo ressentimento (não sou homem de rancores). Por isso, ela acabou por ganhar uma caricatura (um retrato com humor). Foi inteiramente merecida. Retratei-a com alguma generosidade, como uma espécie de Maria da Fonte maiorquense, de bacamarte e forquilha, a liderar a fronda plos seus santos valores.

Bem sei que o chauvinismo, no seu “entusiasmo intransigente por uma causa, atitude ou grupo”, por extensão de sentido, também «rejeita tudo o que é de outros». O chauvinista não conhece a ponderação, o relativismo, a civilidade, a cortesia, a franqueza, o sentido de humor, porque não os compreende. Também não compreende a ironia nem aceita a crítica. Toma-as sempre como afronta.

Em todo o caso, o que terá levado a simpática e até aqui discreta secretária da junta de Maiorca ao protagonismo político? Com mandato de quem, de que plataforma política informal ou desconhecida aceitou o papel de representar uma rábula de um chauvinismo tão anedótico que julgava já ultrapassado entre nós?
  
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A despropósito: o site do Diccionário Houaiss encontra-se neste momento bloqueado na sequência do cumprimento de uma notificação de Entidade Reguladora (IGAC – Inspeção-Geral das Atividades Culturais), o que, espero, não configure uma atitude, sei lá, demasiado purista ou digamos assim, acentuadamente chauvinista.
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