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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Manuel Vicente: do Minho ao Cunene, a vitória é certa

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Aqui há anos o Tribunal de Felgueiras conseguiu provar, sem margem para dúvidas, a existência de corrupção num determinado caso em julgamento. Do acórdão desse processo não saiu todavia qualquer condenação. Isto é, a justiça portuguesa mostrou ao mundo a prova de que corrupção é possível, mesmo sem corruptos. A prova viva, e autorizada, que Portugal funciona, mesmo sem portugueses. A electricidade sem fios.
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A justiça portuguesa está porém apostada em mostrar ao mundo ainda mais peculiaridades locais da corrupção, esse cancro que devora as sociedades.
Desta vez o ministério público deteve o ex-procurador Orlando Figueira por alegadamente ter recebido trezentos mil aéreos do vice-presidente da República de Angola, Manuel Vicente, para arquivar um caso de corrupção. É aqui que entra a idiossincrasia da corrupção portuguesa: a Procuradora-Geral da República esclareceu: "Neste momento, o inquérito tem três arguidos constituídos - uma pessoa colectiva e duas singulares - não se encontrando entre os mesmos Manuel Vicente". 
Se bem compreendi, a tese do ministério público é que em Portugal a corrupção funciona só com um fio – isto é, é possível mesmo sem o agente activo, o corruptor - apenas com o corrupto, o agente passivo.
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Suponho que para a defesa de Orlando Figueira, o processo seja de favas contadas. Mesmo que o desinfeliz estafermo contrate um cepo como advogado, para derimir o argumento da acusação bastará apelar à jurisprudência do Tribunal de Felgueiras. A coisa funciona mesmo sem fios..

Ou seja, para Manuel Vicente a vitória é certa - como rezava um slogan muito em voga quando a república de que é vice-presidente ainda era popular
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