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sábado, 1 de setembro de 2012

Retrato de um cretino



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Existem coisas por debaixo do céu que ao meu amigo Agostinho parecem extraordinárias. A mim, não. Já não. Não porque me tenha tornado mais cínico com a idade, mas simplesmente porque não sou, nunca fui, dos que se indignam porque Deus criou as moscas.
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Pelo contrário, eu compreendo. Oh como compreendo. Existem coisas, como a eternidade, que, deduzo eu, apenas se tornam suportáveis com o auxílio do mais absoluto non-sense. Não me espanta por isso que, além das moscas, a estupidez humana seja, também helas, outra delirante obra de deus.
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Mota Cardoso, o presidente da Assembleia de Freguesia de S. Julião, na Figueira da Foz, nem parece real. Mas é. Um verdadeiro cretino. Um autêntico e alvar imbecil. Um perfeito idiota. Uma criatura de Deus, portanto. 
A prova acabada da mais que provável existência de deus (ou de alguém por ele) e do seu divino sentido de humor e da bizarria está aqui, na entrevista que o infeliz deu ao jornal As Beiras.
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Mas, que dizer do seu partido? E dos seus eleitores?  
-Sim, porque este imbecil foi eleito, foi escolhido pelo povo. 
O que me leva a suspeitar de que a própria democracia nesta terra infeliz também pode ser obra de Deus, caralho; uma coisa assim a modos que criada nas suas longas horas mortas, para enxotar o tédio e as moscas.
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Bosquejei-lhe um retrato rápido. Confesso que não me atrevi sequer a aprofundar a verosimilhança. A exploração dos abismos da estupidez humana podia revelar-me, à outrance, algum sentido, ainda que vago, na bestial ideia de Deus.
Fiquei-me, como Ele a horas mortas, pelo simples divertimento.
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2 comentários:

cid simoes disse...

Para mim a estupidez é assim, redonda e sem arrebiques.

trepadeira disse...

Estupidez,velhacaria e arrogância é uma mistura explosiva,espero resulte depressa.

mário