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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O nobél do Crato





Nunca permiti que a escola interferisse na minha educação Mark Twain



Há pessoas, como o grande Victor Hugo, que acreditavam piamente que “abrir uma escola é fechar uma prisão”. O novo ministro da Educação do governo de Portugal é um matemático e estatístico que acredita, também ele, nos poderes salvíficos e regeneradores da escola.

Recentemente, na “universidade de Verão” do PSD, em Castelo de Vide, ele perorou aos betinhos do partido. Que estudar “compensa” e que “ter boas notas significa empregos que dão mais dinheiro”, disse ele, falando-lhes ao coração. O que não lhes disse, mas eles já sabem, é que além dos méritos adquiridos também compensam as relações convenientes e, claro, as ascendências reconhecidas; ou seja, a inevitável cunha e o incontornável pedigree (o berço, caralho). Ele próprio, por exemplo, é filho de um “primo-sobrinho-trineto” em 2º grau do 1.º Barão e 1º Visconde de Nossa Senhora da Luz .
. No entanto, e além disso, Nuno Crato é o prócer de um novo paradigma (trata-se, nem mais nem menos, do paradigma de Victor Hugo - só que invertido; ou seja, virado às avessas) que é todo um programa:
- o homem propõe-se fechar escolas, despedir professores e funcionários e, não só não abrir novas prisões (isso será, receio, função de um outro qualquer ministério) como, ainda assim, segurem-se bem, “melhorar resultados”. Ou seja, vai fazer mais com menos. O que colide contra a lógica matemática, que afiança que, invariavelmente, mais vezes menosmenos (+X-=-). Porém, se a coisa funcionar, isto é, se contra todas as probabilidades Crato provar que funciona, está criado (e solucionado) um novo "problema matemático" com inúmeras e incalculáveis, mas valiosíssimas, aplicações: o paradoxo Crato , ou de Crato. O que quer dizer que o próximo nobél da economia pode muito bem ser português (sei que isto também pode parecer um paradoxo, mas não é; trata-se da mais pura lógica, ainda que da mais transcendente, reconheço).
. Dito isto, ao contrário de muita e boa gente, eu não acredito na escola como a panaceia para toda a espécie de males sociais.
Se não concordo inteiramente com aqueles, como João César Monteiro, para quem a escola “é a retrete cultural do opressor”, também não me entusiasmo demasiado com outros, como Victor Hugo, para quem “abrir uma escola é fechar uma prisão” (isso seria encarar os homens como autómatos programáveis por iluminados).
Eu prefiro acreditar no livre-arbítrio; na simples vontade. Na liberdade individual.
Por isso mesmo toda a minha vida fiz como Mark Twain...
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1 comentário:

cid simoes disse...

A escola para ordenar conhecimentos. O resto é conosco.