Há países do caralho

Há países que têm uma complexa relação com o seu passado, com o legado dos seus filhos e com a sua consciência colectiva.
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O conselho municipal de Braunau, na Áustria, terra natal de Hitler, votou unanimemente a revogação do título de cidadão honorário atribuído ao führer em 1933, tendo sido ainda revogado o direito de residência adquirido pelo ditador em 1938, ano em que a Alemanha nazi anexou o país. (Hitler, na verdade, nasceu na pequena vila de Ranshofen, próximo a Braunau, e tornou-se cidadão honorário da cidadezinha em 1933. Mas Ranshofen foi incorporada por Braunau seis anos depois. Os historiadores locais não estão certos se o título era transferível automaticamente de Ranshofen para Braunau. Mas, por "medida de precaução", o conselho decidiu aboli-lo).
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Muitas cidades austríacas, durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, deram a Hitler o título de cidadão honorário. Actualmente, 66 anos passados sobre a morte do ditador e da descoberta da hedionda “solução final”, críticas publicadas na imprensa estão a levar muitas delas a cancelarem a honraria.
Já em Maio deste ano as autoridades políticas de Amstetten decidiram a anulação da cidadania honorária de Hitler, numa sessão que ganhou contornos polémicos. Dois membros do Partido Liberdade (partido de extrema-direita) abstiveram-se na votação. Os dois políticos justificaram o sentido do voto argumentando que esta revogação era inútil e alegando que o título teria expirado aquando da morte de Hitler.

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Há países assim. Com uma imprensa atenta e exigentíssima e partidos da liberdade do caralho. Têm tudo para serem anexados.

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