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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Adeusóvaitembora


O cônsul dos americanos no Cairo (o nosso filho da puta, como eles dizem), foi-se embora.

Deixou o poder aos militares que, segundo os jornais, anunciam medidas para responder “às reivindicações do povo”. Este encheu a praça Tahrir e a festa durou até às quinhentas. Todos estão felizes: o povo, no arraial da praça, e os militares, com o poder, como de costume.
Os jornais, na sua ânsia e ganância de novidades e entretenimento, chamam a isto uma revolução.
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Entretanto, a Suiça congelou as contas da família Mubarak nos seus bancos. A Suiça altaneira, com os seus quatro minaretes. A cínica Suiça, com os seus relógios e chocolates e mil e um cofres-fortes.
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Às vezes fico a pensar em como seria o mundo sem países corruptos. Ou, pelo menos, o que seria dos corruptos de todos os países sem países como a Suiça, onde eles sentem o saque a salvo.
E não posso deixar de concluir que bela revolução seria uma que começasse por arrasar a selectiva, higiénica, ordeira, civilizada, pontualíssima e altaneira Suiça, com os seus quatro minaretes. E os seus milhares de cofres-fortes, repletos do dinheiro sujo de todos os países corrompidos do mundo.
Essa sim, seria uma revolução a sério. Mas certamente os jornais chamar-lhe-iam atentado.
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