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sábado, 2 de outubro de 2010

O trigésimo terceiro grau



“O povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”.Almeida Santos
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Pensava eu - desenhar é tentar compreender – que fixando em poucas linhas a fisionomia de um idiota, esses traços me ajudariam a compreender (um pouco que fosse) os escabrosos mistérios da estupidez - um dos mais inquietantes abismos da alma humana.
Mas há abismos imperscrutáveis. Inacessíveis. Por isso mesmo receio que este seja um retrato falhado, nem sequer uma caricatura.
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Foi então que me lembrei do Google, essa fonte inesgotável, onde o conhecimento brota espontâneo e caudaloso.
.Almeida Santos não é um imbecil qualquer. É dotado.
É autor de maravilhosas pérolas em que explana toda a sua estupidez rutilante, como a da epígrafe e aquela, inesquecível, em que justificava a sua defesa da construção do aeroporto na Ota.
Além de ser um “doutor de Coimbra meu deus!”, segundo a wikipédia canta o fado e chegou mesmo a compor umas “variações em ré menor”.
Vivia laurentinamente em Moçambique desde 1953 quando, em 1974, António de Spínola - então presidente, o convidou para regressar à Pátria onde viveu feliz e independente e assim pertenceu a uma série de governos provisórios até que finalmente aderiu ao Partido Socialista, esse coio de verdadeiros democratas ajuramentados.
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Além disso é, consta-se, um “advogado brilhante” (isto parece-me um oxímoro) e gaba-se de ser um dos maiores legisladores da “nossa democracia” – o que acredito que seja a pura verdade – o edifício legal português está aí para o demonstrar. Todavia, ao contrário de outros grandes legisladores da nossa história (como o “nosso” Fernandes Thomaz), este não corre o risco de morrer pobre.
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Ocupou os mais altos cargos do país. Foi ministro de várias pastas e em várias instâncias, em governos provisórios e constitucionais; presidiu ao parlamento e foi membro do Conselho de Estado, escreveu livros, ah, e é membro da Maçonaria, “sendo elemento de grau 33”, o seu grau máximo - o “soberano grande inspector-geral”, que corresponde à plenitude maçónica. Curiosamente, dizem, o mesmo grau de George W. Bush. Sim, esse.
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.Foi aqui que percebi que qualquer análise psicológica de um imbecil é tecnicamente impossível.
A estupidez é imperscrutável. Sobretudo quando atinge o seu último grau. O trigésimo terceiro. A plenitude. A bem-aventurança.
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3 comentários:

cid simoes disse...

O Almeida onde o PS se mira e nele se revê.

Caro Fernando Campos, mais uma vez oportuno e magnífico.

Rogério G.V. Pereira disse...

Caro Amigo
Seu traço
tem tendência para anormais
por favor, desenhe mais
talvez nos apareça o rosto necessário
ou o gesto
libertário
(sei que a arte não faz isso
mas pode ajudar, creio eu)

curiososempre disse...

Até a dor de dente me passou com esta leitura. Fico feliz quando alguém escreve o que eu sinto mas não consigo dizer quanto mais escrever. Bandalho, Cacique, Mercenário da política este almeida. Lembro ainda quando em finais dos anos 70 ou princípio dos 80 afirmou publicamente que o ordenado da assembleia da república mal lhe chegava para os pequenos almoços. Numa próxima madrugada de Abril que espero seja breve é urgente tirar o cravo do instrumento e parti-lo no costelado, provavelmente não deste mas dos futuros clones deste almeida. Não morra nos próximos 100 anos, pois alguém tem que ir fazendo a verdadeira história deste país