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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A cadeira Z (de zabel)

Esta cadeira, que desenhei e executei em 1997 ou 1998, deve o seu nome ao facto de ser dedicada (com amor e algum humor) a minha mulher Isabel, a quem havia prometido criar uma cadeira de baloiço, uma rocking chair.
Como não pude concretizar a promessa (o projecto teria sido demasiado dispendioso pois requeria tubo dobrado), optei por uma cadeira mais simples, que eu pudesse executar no meu atelier, sem recorrer a serviços de terceiros.

Mas uma forma mais simples não significa menos ambiciosa. O que eu tinha em mente era uma cadeira de aparato, uma cadeira de soba, mais ou menos como aquelas cadeiras de chefe africano da minha infância, como esta. É óbvio que não era minha pretensão criar uma obra de arte mas tão só (helas, o ar do tempo!) uma peça de design, isto é, um modelo para reprodução.
O design é um conceito de criação de objectos que, embora fortemente individualizados ou carismáticos, obriga uma execução fácil, tão barata quanto possível, de réplicas. Um objecto de design é tanto melhor sucedido quanto a sua utilidade for indiscutível, a sua identidade for inequívoca e a sua reprodução em larga escala for facilitada por um mínimo de tecnologia.

Esta cadeira Z tem um carisma algo étnico que lhe vem da pátina das madeiras e da solução do espaldar que me foi sugerida, talvez, daqui. Mas também um acento moderno que lhe proporcionam o aço zincado do varão roscado e a composição esquemática aparentemente simples. Como esta, de Marcel Breuer.
Infelizmente, ao contrário da cadeira Wassily de Breuer, a cadeira Z continua peça única.
Está na nossa sala. A Zabel gosta.

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