(acrílico s/tela 40x60)
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Ao meu trabalho, desde sempre, malgré moi, tem sido atribuída uma aura de “difícil” ou “pesado” e à minha paleta conotada uma pulsão “inquietante” ou “carregada”. E outros mimos, que se colam aos artistas como etiquetas.
Embora sinta uma certa incomodidade com pinturas leves e muito decorativas e sempre tenha manifestado total inaptidão para a pintura ligeira, por esta altura (2000) quis fazer-me um teste: executar duas pinturas distintas utilizando exactamente a mesma paleta. Queria provar ser capaz de uma pintura leve e ligeira, quase pueril. Queria fazê-lo com os mesmos azuis, verdes, violetas, rosas e brancos com que faria um dos meus difíceis, carregados, inquietantes e habituais quadros.
Para este escolhi como motivo uma menina brincando com uma pomba (na época eu gozava das delícias da paternidade, ainda recente).
Para o outro, os pombos verdes, que vos mostrarei em breve, o motivo é também, de certo modo, a infância. Ou pelo menos a sua memória.
Será a subjectividade uma questão unicamente da cor? Ou também da modulação, da intensidade, da intenção, da proporção e do desenho?
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1 comentário:
Excelente, caro Fernando:)))
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