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quinta-feira, 10 de maio de 2007

KURT SCHWITTERS (1887-1948)

(the Hitler gang, 1944)
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Há uns dias, a propósito de um dos meus trabalhos, falei-vos do cubismo e de Braque.
Hoje apresento-vos um artista que também muito aprecio, que fez da collage e da assemblage as bases do seu trabalho, além de também ser (entre montes de coisas) um poeta surpreendente.
Nos seus trabalhos ele dissolvia os seus objects trouvés em formas abstractas ao mesmo tempo que lhes permitia uma função ilustrativa. Os seus merz, como lhes chamava, não são nunca coisas anódinas ou apenas decorativas. Com talento, conseguia espaço para a ironia e até a intervenção política.
Ao contrário de alguns dos seus parceiros dadaístas, Kurt Schwitters é um artista, um verdadeiro. A sua arte merz, cujo objectivo era sempre o resultado estético, não partilhava com Dada “o irracionalismo e a alietoriedade”.

Schwitters defendia que a arte devia ser a cura do seu tempo, devia relativizar as ideias dominantes e desestabilizar a estrutura vigente.
O seu trabalho, embora não empenhado politicamente no sentido restrito, era político no sentido da crítica social e estética, através da blasfémia de usar lixo para profanar os cânones da arte burguesa. O seu cepticismo libertário foi sempre consequente, contra todas as regras e consensos.
Schwitters fugiu aos nazis em 1937, aquando da exposição de “arte degenerada” e morreu exilado na Inglaterra em 1948.
Vão por mim, este é dos bons.
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