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sexta-feira, 6 de abril de 2007

Vanitas com quadrado azul

(acrílico e colagem s/tela 40x40 – 2003)

A natureza-morta é, por excelência, veículo para todo o tipo de experimentações. Hoje, sem qualquer intenção outra que o efeito. Eu creio que em arte o primordial é a intenção, porque não acredito de todo na inocência. Pelo menos da Arte. Dentro do género, existia uma especialidade que é a Vanitas, oriunda dos países baixos e da sua tradição calvinista (mas não só). Os quadros filiados neste sub-género eram sempre portadores de forte intenção moralista ou moralizadora. Consistia em encenar um conjunto heteróclito de objectos (um crânio, uma vela, um fruto apodrecido, etc.) com o fim de alertar o observador para a perenidade e, ou vanidade da Vida. A minha intenção ao encenar os meus objectos e ao associá-los a uma página de jornal com previsões atmosféricas e outras informações úteis, foi ironizar essa pretensão moralizadora da pintura e dar a ver o lado da vida, não tanto perene ou vão, mas, talvez, absurdo.
No entanto, se o que porventura pretendeis é olhar - sem intenção - podeis sempre encarar este quadro como uma peça muito decorativa, anh?!!!... (e aqui, confronta-se a pintura com a sua, também, absurda pretensão). O que poderá querer dizer que o futuro (ou o sentido) da Pintura dependerá sempre da intenção dos olhares que sobre ela repousarem.
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