Este já não existe. Os artistas também praticam a IVC (Interrupção Voluntária da Criação)! No meu caso, é compulsivo… Na mesma tela já pintei um outro.
Mas é deste que vos falo. Não sou um cultor da paisagem, mas, num dia melancólico e de pouca inspiração (ou o que quer que isso seja) fiz isto numa tela de grandes dimensões, e deixei escorrer…
A Paisagem, como motivo, remete-me sempre para a literatura, sabe-se lá por que perversão de que neurónios sensoriais, devem ser as sinestesias…
O meu paisagista preferido, na literatura, é Simenon, (comigo, as paisagens são sempre interiores) que utiliza, de modo recorrente, um termo, uma palavra, de que eu gosto muito, não sei porquê: glauco! - Ocorrem-me cinzas e verdes, tristes, em acordes harmoniosos, ainda que dissonantes, com rosas, negros de marfim, violetas e turquesas… Aqui começou o equívoco e, posteriormente, o desconforto que me levou à citada IVC: No atelier não tinha verdes, pus azuis: acabei por achar que a pantalha era demasiada para tão cínica melancolia…
(Confesso que o facto de o dito cujo já não existir, mas dele haver registo fotográfico, acrescenta ainda mais melancolia ao cinismo da coisa).
.
2 comentários:
Gosto, aliás gostei do quadro. Fez-me lembrar um outro, também vítima de IVC, "O adivinho", e também muito bom, mas de que não há registo, se não me engano.
Repetindo o aliás, acho que a IVC deveria ser proíbida por lei.
Està bem, abelha...
Enviar um comentário