(acrílico s/tela (92x112 – 1988)
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Ainda me apraz rever este quadro.
Algo ingénuo, dada a minha juventude na altura, o atrevimento de me atirar ao boi esfolado do mestre de Amesterdão. (Van Gogh dizia que Rembrandt pintava como um ressuscitado), O pobre Vincent tinha mesmo razão, é mesmo capaz de ter sido preciso o conhecimento de muito mais do que apenas a técnica da pintura… Porque para esta coisa das dissecações, esquartejamentos e outros amanhos requer-se, penso, muito sangue frio, bom estômago, uma mão firme, um certo cinismo complacente para com o apodrecimento e a decrepitude… e nada de ideias feitas... Seguir em frente como quem já de lá vem.
Esta pintura é um curioso exercício (de que não me ocorre o nome) em que, trabalhando sobre uma imagem de Rembrandt, o título remete para outra. (não digam nada). Eu era jovem e tinha a alma… em carne viva.
O que me faltava em capacidade técnica, sobrava-me em impaciência, entusiasmo e atrevimento inconsciente. Mas a cabeça do mestre, o animal esfolado e a figura em último plano são, ainda assim, bons bocados de pintura…
Também penso que, muitas vezes, só assim se conseguem alguns feitos.
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