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Santana Lopes, o represidente da Câmara Municipal da
Figueira da Foz, deu uma entrevista ao “jornal” As Beiras. O homem que
veio para virar tudo do avesso e “pôr ordem nesta merda,” reconhece afinal que tem
dúvidas “se deve dar continuidade
à requalificação da frente marítima de Buarcos e da Baixa figueirense”, essa coisa muito esperta.
O represidente, que deu
continuidade à plítica do anterior executivo no alto-patrocínio a
eventos idiotas ou despropositados (o carnaval, a náutica motorizada, a música
apimbalhada e o foguetório) cujo único propósito inconfessado é atrair o número
suficiente de pacóvios que garanta uma massa clientelar contínua para a
restauração local, acrescentou que o próximo ano deverá ser de “clarificação” para diversos dossiês que herdou do anterior
executivo, apontando, por exemplo, a expansão da Zona Industrial e o areal
urbano.
O
represidente tem trabalhado imenso “Há uma série de assuntos…“ e não gosta de perder tempo, porque
“os mandatos passam muito depressa. Portanto, em 2022, se Deus quiser, os
figueirenses já verão vários resultados do trabalho que estamos a fazer”. Mas também destacou um assunto que deverá
marcar a sua gestão autárquica em 2022. “[É um desiderato] termos uma
polo universitário a funcionar aqui como deve ser. É difícil, mas vou fazer
tudo para ser possível começar já no próximo ano letivo”, afiançou.
Entretanto, o próprio “jornal” As Beiras confirmou que decorrem conversações
entre o presidente da câmara e a reitoria da Universidade de Coimbra.
Uff. Que alívio. A restauração pode dormir
descansada porque, se deus quiser, a continuidade da venda da bjeca-a-copo
para além da época-alta está garantida. A começar já na próxima época-baixa,
iupi.
Mas o que me surpreendeu na entrevista do represidente
foi a sua atitude de verdadeiro estadista de marca branca ou candidato a
miss. Assim, Santana espera “que
a Figueira, Portugal e o mundo vivam mais tranquilos e sem tanta ansiedade e
angústia, como tanta gente sente”. E “que o país tenha estabilidade e que se trate a sério de assuntos
sérios. Acho que precisamos de tino institucional e respeito; respeitar quem
pensa diferente de nós e os que estiveram antes de nós; e que haja mais
decência”. Gostaram? Ainda há mais.
O
represidente também se permitiu umas reflexões filosóficas sobre o
exercício do poder (ainda que do local). À pergunta sobre o que é que os
figueirenses podem esperar dele e da vereação que lidera - “Serviço.
E servir, servir e servir. Isto [a atividade autárquica] é uma missão. É quase
como ir para um convento”, garantiu Pedro Santana Lopes.
Ou
seja, se bem entendo, mandar é, para o represidente da Câmara Municipal
de Figueira da Foz, uma espécie de servidão voluntária, em missão
monástica, abnegada, toda feita de muita renúncia, muito silício, mão no peito,
ora pro nobis e imenso se deus quiser.
Eis
um discurso algo anacrónico (fora do tempo) e um tanto farsola que - se faz
dele um Etienne de la Boétie invertido, às avessas ou talvez com os
copos - também tem um óbvio público-alvo cativo, pois o odor a bafio que exala está
muito próximo do acanalhado e bolorento cinismo de sacristia do spleen do
perfeito salazarinho de opereta; enfim, de um salazarinho armado
aos cágados.
3 comentários:
Se ele se sente como se sente
E o tal sentido de missão,
é "quase como ir para um convento”
que se lhe dê forte empurrão
e metam-no convento adentro
Mas guardem bem a chave
não vá Frei Santana escapar-se
Meu caro Fernando o país ainda está cheio de gente que acredita que Deus tudo faz para eles brilharem em seu nome, para além disso ao afirmar "Que o país tenha estabilidade e trate a sério de assuntos sérios. Acho que precisamos de tino institucional e respeito".
Vem à memória, "Deus Pátria autoridade", para eles a democracia é um impecilho, tal como diz António Costa dos seus ex parceiros à esquerda.
O mesmo que agora quer maioria para governar à vontade sem que os impecilhos o incomodem. É esta a sua essência.
Um abraço
Gostei muito dos desenhos do artista_ da política nem tanto rs
_também não sei como chequei aqui ,( estou em modo pausa),
mas parei e amei as caricaturas e todo formato meio sarcástico e 'atento ao rumor do mundo'
Feliz 2022 e fica o abraço
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