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Como o prometido é de vidro, lá me debrucei sobre mais
uma figura do jornalismo-de-merda, com retrato e tudo.
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Ao contrário do que se possa pensar, o jornalismo de merda,
o verdadeiro jornalismo de merda, não se faz só com carregadores de
pianos. Também tem os seus virtuosi; e até, naturalmente, a sua prima
donna. Este é o caso de Clara Ferreira Alves, a ferreirinha Alves,
que assina no Espesso, há mais de vinte anos, uma coluna de opinião com
o capitoso nome de Pluma Caprichosa.
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A Alves licenciou-se em Direito por
Coimbrameudeus mas nunca exerceu. Segundo a sua página da Wikipédia, “abandonou
o estágio de advocacia para se tornar jornalista”. Fez o seu tirocínio com
Nuno Rocha, no jornal “A Tarde”, esse farol do “centro-direita”. A
seguir foi sempre a subir, por aí abaixo: o Correio da Manhã, a “experiência
política no gabinete de imprensa de Mário Soares” e finalmente o Espesso,
onde assinou reportagens de guerra(!), entrevistas, críticas literárias
e a pluma caprichosa, lado-a-lado com outras divas e virtuosi do
nosso jornalismo-de-merda como esta, e este.
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Pelo meio a Alves, que também é xcritora, foi, alternadamente,
santanéte e socratista, assumidamente anglo-saxónica (só lê livros
em inglês e compra-os todos na amazon) e anti-comunista praticante (até
espumar), descobriu a fé católica (que também pratica até ao delíquio), recusou
um convite para ser directora do “Diário de Notícias” e aceitou outro para uma
reunião do clube de Bilderberg. O seu trabalho, em palavras suas, escritas pela
sua própria pluma caprichosa e desassombrada, “vende opiniões sujeita ao rating das
audiências e comentários online”.
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Ora se para emporcalhar
reputações o jornalismo-de-merda serve-se sempre, sobretudo, de carregadores-de-pianos
- para as limpar (sobretudo reputações mais sujas do que um pau de
galinheiro - como a do sinistro Júdice, um velho coirão oportunista e troca-tintas
a quem entretanto foi concedida uma cátedra de comentário político num
canal de televisão do mesmo grupo impresarial) o Espesso recorre
invariavelmente a virtuosi ou primas donnas, como a Alves.
Porque para um jornalista-de-merda
qualquer sale besogne é uma oportunidade. Para a Alves é muito
mais - é um desígnio, e um refrigério.
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