.

domingo, 31 de março de 2019

Algumas ideias para a iconografia do nada ou da coisa em forma de assim.

aF305
.


Então é assim: a Figueira da Foz, a bem dzer, tem tudo. A única coisa que lhe falta mesmo é um “ícone” turístico. Assim uma coisa em forma de assim mas que atraia o turismo; e as massas, claro.
.
Quem o diz é o ex-vereador Vaz, engenheiro e tal. Ainda e sempre no “jornal” As Beiras - a prova provada, para que se veja, de que à Figueira não falta nada; nem idiotas nem sobretudo plataformas onde eles se manifestem, explanem as suas ”ideias” – é assim: o “jornal” dá-lhes espaço e eles, eureca!, espalham-se, explanam-se ou seja, dão ideias. Como por exemplo um “passadiço à volta da Serra” ou um “edifício subaquático”.
.
E porque não, engenheiro Vaz, um edifício à volta da Serra e um passadiço sub-aquático? Hmmm?
.
Mas porque não, engenheiro, recorrer à arte? Nada como a arte para criar “ícones”, “dar carácter”, “empolgar as pessoas”. Porque não encomendar uma escultura a Botero, por exemplo? – Um figo. Um figo equestre. Seria um figo gordo, claro (a gordura ainda é formosura, em arte). Atrairia muitos papalvos. Garboso, doirado e monumental. À porta do mercado, por exemplo. Parece que já estou a ver.
.
Ou então porque não encomendar uma intervenção ao artista Whils (aka Alexandre Farto) na cidade? A arte do moto-pico atrai muitos pacóvios, também. Podia ser, por exemplo, nas paredes de vidro do Casino. Um espectáculo. Pensem nisso.
.
Ou então, porque não pedir a Joana  Vasconcelos uma instalação? No Largo da Má Língua, por exemplo. Parece que já estou a ver: uma língua monumental, retorcida e reluzente de lédes de várias cores, toda feita de plástico reciclado, claro; ou, melhor ainda, de pensos higiénicos ou tampões.
Viriam charters apinhados de palermas para ver.
.
Sim, porque uma cidade que já tem tudo para que precisa de uma maternidade, de creches públicas, de ligações ferroviárias, de livrarias, de lojas de ferragens, de estaleiros navais, de um teatro, de jardins, de uma rede de transportes públicos? Ou de amor-próprio, de conhecimento da sua história, de consciência da sua própria identidade e, enfim, de alguma cultura geral?
.
Ah e tal “Os ícones vendem bem, em termos turísticos. Há que saber criar um bom chamariz, que dê carácter e possa empolgar as pessoas, locais e forasteiros. Na Figueira não temos tido quem o saiba fazer” - diz o engenheiro eureca Vaz, naquele peculiar linguajar de marqueteiro, ou de merceeiro empreendedor.
E o Vaz sabe. Ele é engenheiro. E xcreve nas Beiras.
O que o Vaz não sabe, nem imagina, é que depois as pessoas hão-de cá vir ver o “ícone” e, como de costume, vão embora depressa. Circulam, engenheiro Vaz.
Porque, mesmo os mais néscios dos papalvos, também hão-de dar-se conta de que, a toda a volta do ícone, não há rigorosamente mais nada para ver; nem para fazer.
.

Sem comentários: