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Então é assim: a Figueira da Foz, a bem dzer, tem tudo. A
única coisa que lhe falta mesmo é um “ícone” turístico. Assim uma coisa em
forma de assim mas que atraia o turismo; e as massas, claro.
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Quem o diz é o ex-vereador Vaz, engenheiro e tal. Ainda e sempre no “jornal” As Beiras - a prova provada, para que se veja, de que à Figueira
não falta nada; nem idiotas nem sobretudo plataformas onde eles se manifestem, explanem as suas ”ideias” – é assim: o “jornal”
dá-lhes espaço e eles, eureca!, espalham-se,
explanam-se ou seja, dão ideias. Como
por exemplo um “passadiço à volta da Serra” ou um “edifício subaquático”.
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E porque não, engenheiro Vaz, um edifício à volta da Serra
e um passadiço sub-aquático? Hmmm?
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Mas porque não, engenheiro,
recorrer à arte? Nada como a arte para criar “ícones”, “dar carácter”, “empolgar
as pessoas”. Porque não encomendar uma escultura a Botero, por exemplo? – Um figo.
Um figo equestre. Seria um figo gordo, claro (a gordura ainda é formosura, em arte).
Atrairia muitos papalvos. Garboso, doirado e monumental. À porta do mercado,
por exemplo. Parece que já estou a ver.
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Ou então porque não
encomendar uma intervenção ao artista Whils (aka Alexandre Farto) na cidade? A arte do moto-pico atrai muitos
pacóvios, também. Podia ser, por exemplo, nas paredes de vidro do Casino. Um
espectáculo. Pensem nisso.
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Ou então, porque não pedir a
Joana Vasconcelos uma instalação? No Largo da Má Língua, por
exemplo. Parece que já estou a ver: uma língua monumental, retorcida e reluzente
de lédes de várias cores, toda feita de plástico reciclado, claro; ou, melhor
ainda, de pensos higiénicos ou tampões.
Viriam charters apinhados de
palermas para ver.
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Sim, porque uma cidade que
já tem tudo para que precisa de uma maternidade, de creches públicas, de
ligações ferroviárias, de livrarias, de lojas de ferragens, de estaleiros
navais, de um teatro, de jardins, de uma rede de transportes públicos? Ou de amor-próprio,
de conhecimento da sua história, de consciência da sua própria identidade e, enfim,
de alguma cultura geral?
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Ah e tal “Os ícones vendem bem, em termos turísticos.
Há que saber criar um bom chamariz, que dê carácter e possa empolgar as pessoas,
locais e forasteiros. Na Figueira não temos tido quem o saiba fazer” -
diz o engenheiro eureca Vaz, naquele peculiar linguajar de marqueteiro, ou de
merceeiro empreendedor.
E o Vaz sabe. Ele é
engenheiro. E xcreve nas Beiras.
O que o Vaz não sabe, nem
imagina, é que depois as pessoas hão-de cá vir ver o “ícone” e, como de
costume, vão embora depressa. Circulam, engenheiro Vaz.
Porque, mesmo os mais
néscios dos papalvos, também hão-de dar-se conta de que, a toda a volta do ícone, não há rigorosamente mais nada para
ver; nem para fazer.
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