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O meu amigo Agostinho
achou o novo Calisto Elói da plítica figueirinhas. Um anjo caído. Trata-se de Rui Duarte, o socialista que
terá alegadamente trocado uma candidatura rebelde à Junta de Buarcos
- S. Julião por um cargo de gestor executivo na Figueira-Domus. Agostinho
associa-o à personagem camiliana por ver nele alguém que supostamente encarnava
os "valores autênticos"(!)
do socialismo figueirense(!) e se despenhou desamparado no lodaçal perverso
e sórdido da real-politik figueirinhas. Para Agostinho, a "sua ilusória
ascensão, não é mais do que a sua queda politica e, com ela, a desilusão de
muitos que depositaram em Rui Duarte a esperança de uma lufada de ar fresco"
na plítica cá da choldra.
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O caso pode porém não
ser tão óbvio e literal ao plot
camiliano mas é, decerto, igualmente farsola e patusco. Tem que ver com percepção
errada e expectativas elevadas.
A verdade é que Rui
Duarte pode não ser nenhum anjo e pode nem sequer ter caído, excepto
em tentação. Isto é, ele pode ser simplesmente um típico português, um
homem comum, um figueirense de lineu: alguém que, muito prosaicamente, sem
ingenuidade nem inocência, prefere um penacho na mão do que outro a voar. Fiz-lhe
o retrato, quase-robot porque é um caso-tipo, para o meu Album Figueirense,
embora os anjinhos caídos desta estória sejam outros.
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Mas a estória foi
assim: cansado de se ver sempre relegado para segundo plano por um
ex-pescador reformado e semi-analfabeto, o arquitecto Rui Duarte terá decidido avançar
- tornando pública a vontade de se candidatar à Junta - contra o preferido pelo
aparelho do seu partido. Este,
receando perder uma eleição onde os votos se dispersariam por duas candidaturas
irmãs, resolveu a coisa de uma penachada: oferecendo-lhe uma sinecura
numa empresa camarária em troca da desistência da candidatura (uma saída de
sendeiro, mas para cima). Perante isto, Duarte fechou a boca e
agarrou o penacho com as mãos ambas - o homem comum, como dizia Sir
Herbert Read, "não assalta a bastilha onde a beleza está em clausura.
Tem senso prático, como se costuma dizer".
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É aqui que entram as altas
expectactivas. A ascenção de Duarte (nada ilusória, muito real, meu caro Agostinho) foi, certamente, a sua queda –
apenas em tentação - mas foi sobretudo a queda dos “muitos” que queriam
ver nele mais do que um figueirinhas comum a fazer pla vidinha. Cairam
abrupta, brutal, aparatosamente, desamparados na real - os anjinhos.
A
moral desta estória é que existem mesmo anjinhos
caídos. E são socialistas; e
figueirinhas, claro. Mas nenhum deles é o nóvel administrador da Figueira-Domus
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