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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Minudências


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Todo o homem tem uma porção de inépcia que há-de sair em prosa ou verso, em palavras ou obras, como o carnejão de um furúnculo.
Quer queira quer não, um dia a válvula salta e o pus repuxa.
Camilo Castelo Branco
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Em épocas de crise de valores e de tudo, por vezes sobrevém nos homens o milagre da coragem, da generosidade, até do sacrifício; contudo o mais das vezes, helas, o que sobressai de muitos deles é apenas aquela “porção de inépcia” que lhes é inerente.
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-É o caso do repugnante parecer de um tal de Conselho de Ética para as Ciências da Vida no sentido de autorizar o racionamento de medicamentos para tratamento do cancro, SIDA e doenças reumáticas que mais parece um conselho jurídico feito a pedido do doutor Mengele.
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-É também, numa vertente menos sórdida mas mais patética, o caso de Luís Montenegro - o líder parlamentar do PSD (o partido mais votado da assembleia legislativa), que referiu recentemente a propósito do financiamento dos partidos pelo estado, que a redução deste financiamento não seria uma Min-nun-dência(!!!) no que concerne à redução do défice.  
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Quanto à substância de tão pertinente convicção, no que me diz respeito, batatas, como é óbvio.
O que me pôs a pensar foi a ênfase substantiva, inflamada, do tribuno.
A literacia, ou melhor, a falta dela em Portugal, não é uma min-nun-dência; é, como vêem, um verdadeiro Monte Negro.
Mas imaginem os outros deputados do seu grupo parlamentar: uma autêntica, incontornável, cordilheira.
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