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Todo o homem tem uma porção
de inépcia que há-de sair em prosa ou verso, em palavras ou obras, como o
carnejão de um furúnculo.
Quer queira quer não, um dia
a válvula salta e o pus repuxa.
Camilo
Castelo Branco
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Em épocas de crise de valores e de tudo, por vezes sobrevém
nos homens o milagre da coragem, da generosidade, até do sacrifício; contudo o mais
das vezes, helas, o que sobressai de
muitos deles é apenas aquela “porção de inépcia” que lhes é inerente.
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-É o caso do repugnante parecer de um tal de Conselho de Ética para as Ciências da Vida
no sentido de autorizar o racionamento de medicamentos para tratamento do
cancro, SIDA e doenças reumáticas que mais parece um conselho jurídico feito a
pedido do doutor Mengele.
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-É também, numa vertente menos sórdida mas mais patética,
o caso de Luís Montenegro - o líder
parlamentar do PSD (o partido mais votado da assembleia legislativa), que referiu
recentemente a propósito do financiamento dos partidos pelo estado, que a redução
deste financiamento não seria uma Min-nun-dência(!!!) no que concerne
à redução do défice.
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Quanto à substância de tão pertinente convicção, no que
me diz respeito, batatas, como é óbvio.
O que me pôs a pensar foi a ênfase substantiva, inflamada,
do tribuno.
A literacia, ou melhor, a falta dela em Portugal, não é
uma min-nun-dência; é, como vêem, um verdadeiro
Monte
Negro.
Mas imaginem os outros deputados do seu grupo parlamentar:
uma autêntica, incontornável, cordilheira.
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