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Metade dos americanos nunca vota, metade nem lê jornais;
tomara
que fosse a mesma metade.
Gore Vidal
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Gore
Vidal morreu. Além de escritor notável, era um americano invulgar. Não gostava
de religião nem do capitalismo (o consumismo como religião), enfim, da estupidez
em geral. E nunca se coibiu de o dizer.
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Quanto mais ignorante for o povo e quanto mais
condicionado for pela TV a tornar-se consumista e trabalhador dócil, mais fácil
será pegar num actor vazio – um dos homens mais ignorantes que já conheci – e
fazer dele o presidente dos Estados Unidos. Nunca na minha vida presenciei
coisa mais cínica. Um homem completamente vazio. E isso só pode ocorrer com um povo sem um
mínimo de formação - dizia ele.
A pátria
da liberdade, os Estados Unidos da
Amnésia, como ele gostava de lhe chamar, também não gostava dele e também nunca
se coibiu de lho demonstrar - depois da sua primeira obra “A cidade e o pilar”, o New York Times, esse farol do livre-pensamento, ignorou olimpicamente os seus
cinco romances consecutivos. Já quanto à Newsweek e à Time, foram sete as suas obras
de que não publicaram uma única palavra. Além disso, quem se desse ao trabalho
de ler resenhas ou críticas por todo o país, ficaria com a sensação que Vidal
era um escritor deplorável. - “Em geral, acusam-me
de não amar suficientemente Jesus e o capitalismo, vejam bem.”
A América deve estar aliviada.
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