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Este mundo não é só Relvas e quejandos.
Ainda existem, felizmente, pessoas verdadeiramente
extraordinárias; pessoas para quem a fossanguice não é prioridade nem a vanglória
o violon d’Ingres.
Como Osvaldo Macedo de Sousa.
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A bem dizer, já o conheço há alguns anos, através do seu humorgrafe,
que sigo desde que me passei a interessar pelo humor gráfico; e temo-nos
correspondido, de quando em vez. Contudo, agora conheci-o pessoalmente. Em Penela,
para onde generosamente me convidou para com ele integrar o júri de selecção dos
desenhos da III Bienal de Humor Luís d’Oliveira Guimarães.
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Historiador por formação, Osvaldo dedicou trinta anos da
sua vida à investigação, divulgação e dignificação da arte da caricatura e -
nas palavras de José Oliveira, o presidente da FECO (associação dos
cartoonistas portugueses) - “da
sociabilidade dos cultores desta arte”. Através da humorgrafe, Osvaldo promove concursos, exposições, encontros e
colóquios por todo o país e até no estrangeiro.
Ainda segundo José Oliveira, “o seu trabalho tem dimensão gigantesca, sem
a mínima correspondência em proveitos materiais. O documento mais visível do seu trabalho de
investigação é a obra em cinco volumes intitulada História da Arte da Caricatura de imprensa em Portugal, publicada
entre 1998 e 2002, com edição partilhada pela Secretaria de Estado da Comunicação
Social. Mais de duas mil e cem páginas.”
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Obra que ele generosamente me ofereceu, talvez para me
compensar por me ter sujeitado ao muito honroso mas algo desconfortável privilégio
de avaliar os meus pares (experiência que não tenciono repetir). A edição desta
obra excepcional foi também, ao tempo, e simultaneamente, uma ocasião rara de revelar, de uma só vez, toda a dimensão intelectual do seu autor, um pouco da imensa estupidez
e iniquidade da Justiça em Portugal e alguns pormenores da grandeza da pequenez
de um certo vulto da nossa baixa-cultura.
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Tenho assim o ensejo de avaliar a monumentalidade de uma
obra que nem sequer é a sua actividade principal. Osvaldo é cantor lírico; integra
o coro do teatro S. Carlos. A arte da caricatura é apenas o seu “violon d’Ingres”.
Há ou não há pessoas realmente
extraordinárias?
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1 comentário:
HÁ! e é por isso que nunca baixarei os braços
Saúde!
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