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Embora tenha tido conhecimento do devaneio pederástico que
acometeu o arquitecto Saraiva enquanto subia ao Chiado de elevador e dos
desvarios vários que acometem ministros de variadas pastas do governo do país
enquanto este desce aos infernos, quis manter-me, esta semana, longe da bloga.
Quando a realidade é demasiado acabrunhante tenho
necessidade de algum non-sense e de “levantar” os olhos (do computador, dos
papéis, das pinturas, dos desenhos). Por isso, entre outras coisas, “construí”
um espantalho - do qual vos falarei em breve - e deambulei pela Figueira. Sempre
que o faço, tenho o cuidado de evitar lugares um tanto óbvios ou demasiado
pitorescos. Por isso, evitei escrupulosamente a marginal, o bairro novo e
as Abadias e preferi a periferia.
Debalde. O horrível está por toda a parte.
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Rua
da Várzea, na Figueira da Foz
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A Rua da Várzea é uma antiga estrada rural que escapou ao
traçado da rodovia urbana e “sobrou-lhe”
das obras. Segue quase paralelamente ao troço desta que liga a rotunda do EPST à
de Cristina Torres (ou vice-versa).
Noutro qualquer país, civilizado, teria sido transformada
num aprazível e arborizado acesso pedestre, com uma possível ciclovia, à escola.
Mas não neste país. Não na Figueira da Foz. Nesta cidade a solução encontrada é
um fenómeno “urbanístico” que talvez só possa ser explicado por um especialista
em psicopatologias muito complexas.
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Trata-se isso sim, e como a foto documenta, de um pesadelo visual
que, talvez por eu ser demasiado sensível à fealdade, me suscita outros pesadelos que
desencadeiam outros, sempre mais malévolos, num curioso e incessante fenómeno sinestésico:
faz-me lembrar Mexias & Catrogas, mais os seus salários e reformas,
pornográficos; ou Motas & companhias de Jorges Coelhos e outros nefandos e
corruptos figurões ou então vereadores locais cretinos e suas abébias, igualmente
obscenas e venais. É algo infame, humilhante, profundamente miserável.
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-Mas não é de admirar.
Neste país o arquitecto Saraiva, que agora dirige o
jornal Sol, também dirigiu, durante anos a fio esse outro sol da democracia que
é o jornal Expresso - e ninguém deu por nada – nunca ninguém suspeitou que o pobre homem era um atrasado mental.
Neste país um governo que acha que para baixo é sempre a subir,
foi eleito democraticamente. Democraticamente.
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Neste país, abrir simplesmente os olhos já é um pesadelo.
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