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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O procurador da Beira



Um tigre não proclama a sua “tigritude”, ele salta  
Wole Soyinca

Bem sei que para abordar qualquer assunto de modo digamos, politicamente correcto, não se deve fulanizar. Mas se a justiça em Portugal é, consabidamente, uma merda - um mundo de conchavos tácitos, obediências cegas, conveniências surdas, conivências mudas e iniquidades que gritam, como fazê-lo sem olhar para os seus rostos mais proeminentes? – Ainda mais quando se põem a jeito.
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No estado em que jaz a justiça em Portugal é, no mínimo, original que um dos seus agentes principais profira abobrinhas como estas:
- O inefável procurador da república disse numa entrevista que nunca – nunca - foi pressionado por um político (que devem temer o meu mau-feitio, disse ele), ah valente. E disse mais. Disse que gostaria de ser lembrado como um beirão com coragem.
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Mas o procurador Pinto Monteiro não é um tigre. Ou se for, é um tigre português. Beirão. Os tigres beirões não são valentes, são astutos. Nunca dão murros em facas bicudas. Não dão saltos, aninham-se.

No que me diz respeito, e como assim de repente não me consigo lembrar de algum salto que tenha dado, passarei a lembrar-me dele como alguém que gostaria de ser lembrado como um beirãozinho valente. Um tigre de papel.

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