Libertar é transformar pela violência uma ordem social estabelecida por minorias. E por isso mesmo libertar uma sociedade, é fazer a revolução. É preciso libertar o Homem não só do esclavagismo colonial, mas ainda de qualquer forma de dominação social no interior de cada país. Nenhuma classe deve poder explorar outra. Agostinho Neto
Trinta e seis anos depois da dipanda, um dos maiores exportadores de petróleo e de diamantes do Mundo, permanece em 148º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. Dois terços da sua população vivem com dois insalubres dólares por dia; o outro terço vive num luxo pornográfico e os crimes de sangue fazem parte da sua natureza: é a classe social que explora as restantes. É esta cúpula mafiosa que domina o poder e os “negócios” em Angola.
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Rafael Marques é um jornalista e activista dos direitos humanos que, corajosamente, denuncia o mundo obscuro destes negócios, os seus respeitáveis agentes, nacionais e estrangeiros (alguns deles são o estado português e a fina-flor da classe empreendedorística nacional) e os seus crimes de sangue.
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Depois de editar o seu livro “Diamantes de sangue”, acaba agora de apresentar queixa-crime na Procuradoria Geral da República de Angola contra nove generais. Diz que o jornalista pediu ao Procurador-geral da República, João Maria de Sousa, (o arquivador-geral-da-república local) que “se digne instaurar o competente procedimento criminal” e adiantou que lutará para que se faça justiça. “Este é um processo fundamental de resgate das instituições do Estado, de modo a garantir o acesso do cidadão à justiça”, disse ele.
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O egocentrismo messiânico de Agostinho Neto transformou-se numa anedota triste. A sagrada esperança do poeta amancebou-se com os Santos e os generais; e até com as suas amantes estrangeiras, entre orgias alarves de kuduro e sórdidos concursos de misses.
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Mas eu tenho uma esperança. Não sagrada mas singela. Eu ainda espero, eu apenas espero, que o exemplo cívico de Rafael Marques não o transforme, como num dos versos mais conseguidos do poeta-pai-da-pátria, em mais uma “Ofélia negra neste rio podre de escravatura”.
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