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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eros e Tanatos na Figueira ou o fim do mal-estar na cultura

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Em “O mal-estar na civilização”, publicado em 1930, Sigmund Freud discorre sobre o irremediável (segundo ele) antagonismo que existe entre as pulsões individuais e as restrições impostas pela Cultura.

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Na visão de Freud, quanto mais a Cultura/Civilização se sofistica, mais restringe e inibe a satisfação das pulsões sexuais e agressivas do indivíduo, transformando uma parte dessas pulsões em sentimento de culpa. Para Freud, a cultura gera pois insatisfação e sofrimento; quanto mais se desenvolve a civilização, mais cresce o mal-estar.
Ainda segundo Freud, Amor e Morte estão indissociavelmente ligados, já que as duas pulsões, de vida e de morte – Eros e Tanatos - raramente trabalham uma sem a outra, “salvo em algumas ocasiões, em que a pulsão de morte trabalha sozinha”. .


O que o tio Segismundo não sabia, e nunca há-de saber, é que na Figueira, Eros e Tanatos, além de estarem indissociavelmente ligadas também trabalham juntas - paredes meias, literalmente - (embora realmente só Tanatos o faça 24 horas por dia) como a foto acima o documenta.
Graças às virtudes do mercado, ao comércio livre e ao empreendorismo figueirinhas, os indivíduos podem, a partir de agora, dar livre curso às suas mais recônditas e antagónicas pulsões (junto à estação, em frente às bombas de gasolina). O que talvez prefigure a extinção definitiva do sentimento de culpa, quiçá mesmo da própria civilização, pelo menos como Freud a entendia..


Em todo o caso, é um sinal de que os figueirinhas não “sacrificam a vida instintiva nem reprimem a espontaneidade para permitir o progresso social e cultural”. Ou seja, pelo menos na Figueira, é o fim do mal-estar na cultura. Pelo menos como Freud o entendia..


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1 comentário:

platero disse...

preciosidade

abraço