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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Da sinceridade na Arte


A glória, ou consagração, de um artista acontece, receio, quando a sua obra se torna acessível até mesmo aos cretinos.
Um dos inconvenientes disto é que os imbecis são muito exigentes com a probidade dos seus artistas preferidos. O que não deixa de ser comovente. Embora lateral, não deixa também de ser curioso que os grunhos jamais apliquem a mesma exigência ética aos seus políticos preferidos.
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A verdade é que só há dois tipos de artistas que escapam incólumes a este tipo de escrutínio moral: os de glória póstuma, como Fernando Pessoa; e os que não têm biografia. Como Fernando Pessoa.
Aqueles que nascem, crescem, sofrem, erram e vivem vidas contraditórias, como todos os seres humanos normais, esses estão fodidos. Como Günter Grass.
Grass fartou-se. Depois de descascar a cebola, diz que não escreve nem mais um caralho.
Vai dedicar-se às artes plásticas.
Talvez para desenhar caralhos.
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2 comentários:

cid simoes disse...

Esta inveja vai morrer comigo. Gostava, assim com dois traços, retratar um bicho ou uma pedra.
E gostava também de não ser só eu a "amandar" umas bocas aqui no seu blog.Vaidades!...

Fernando Campos disse...

Quanta amabilidade, caro cid,
mas faço apenas o que posso.
Quanto ao seu segundo desejo
não posso, infelizmente, fazer nada.
Bom Natal.