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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O vórtice de Napoleão




Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetasNapoleão Bonaparte
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As relações entre o poder e a imprensa já não são o que eram no tempo de Napoleão Bonaparte. Vem isto a propósito da publicação, no passado sábado pelo diário “As Beiras”, de um anúncio de página (ímpar!) inteira ao espectáculo (único!) da companhia de dança Vórtice, residente no CAE.
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Há quem se interrogue, “com doentia curiosidade”, quanto terá custado esse anúncio; mas eu, que não dou demasiada importância à probidade das contas públicas (enfim, as coisas são o que são, chamem-me cínico) confesso que estou mais impaciente por algo, receio, bem mais frívolo mas igualmente revelador: a crítica de dança do reputado diário do grupo Lena.
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É que, se há duzentos anos as gazetas de então não dependiam, como hoje, da publicidade - em contrapartida, as suas críticas de balé eram temidas até pelo próprio Napoleão. Contudo, o imperador dos franceses, de quem são conhecidas sentenciosas pérolas com baionetas (como a da epígrafe, sobre o quarto poder), também soltou esta, preciosa: “Pode fazer-se tudo com uma baioneta, excepto sentarmo-nos nela”.
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