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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vincent Van Gogh



É sabido que a nossa é uma cultura de massas. E as massas precisam de símbolos. Ícones. São mais fáceis de entender do que conceitos elaborados e consomem-se como tal.
Mas, à míngua de financiamentos, os “gestores” dos museus desta cultura de massas chegaram a conclusão que até os mais complexos conceitos culturais podem ser transformados em ícones que as massas consomem como pãezinhos quentes (se forem suficientemente expurgados da mais inocente complexidade).
Desta vez foi Van Gogh. Outra vez transformado numa anedota sentimental e literária. De novo o pobre Vincent “visto à luz da sua correspondência”.
Longe, tão longe da pintura intensa, complexa de emoções e de cores puras que nutriu os seus fugazes, intensos e contraditórios trinta e sete anos..
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2 comentários:

Anónimo disse...

li o artigo indicado pelo link e não vejo nada que sustente o que considera "cultura de massas". a leitura da sua correspondência ajuda a ter uma noção do individuo enquanto pintor e ser humano.

Fernando Campos disse...

Caro anónimo,
o que eu quis dizer é que,
de tempos a tempos os grandes museus, a propósito de uma efeméride qualquer, reciclam os seus "produtos", isto é, os seus "activos": fazem novas exposições com "novas" abordagens.
Contudo o pobre Vincent tem sido sempre vítima do mesmo "olhar" coscuvilheiro, através de uma abusiva devassa da sua correspondência íntima. Não há aqui "nova" visão ou abordagem da sua obra, pelo contrário, trata-se no fundo ( e é neste sentido que eu falo em "cultura de massas")da mesma obsessão com a vida privada "dos famosos" que se pode ver nos escaparates dos quiosques, nas capas das revistas da "especialidade".
Veja se me entende: o Van Gogh que me interessa está todo nos seus quadros e desenhos, a sua vida íntima não me interessa. Acho que (pelo menos isso lhe devíamos).