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domingo, 3 de janeiro de 2010

A choldra


Os mundos da política, da religião e da alta finança, foram sempre os territórios de “caça” preferidos dos caricaturistas.
Contudo, desde o grande Honoré Daumier que os artistas do traço e da gargalhada passaram a ter outro espaço privilegiado onde escolher os seus alvos: o universo judiciário; esta coutada de palermices e iniquidades é a (equívoca) alegria de qualquer caricaturista – cada tiro, cada melro.
Mas, como é sabido, em Portugal tudo se agudiza e destrambelha.
Quem frequenta o meio, nota que as pessoas assistem a um número perpétuo do Monty Python’s flying circus e comportam-se como se estivessem na ópera; toda a gente sabe que não é a sério e, no entanto, ninguém se ri; desde a linguagem à pose, tudo contribui para um tom geral de “non sense” ensimesmado e circunspecto.
O mundo judiciário português nunca ouviu falar de “justiça para todos” esse estranho e “afrancesado” conceito com mais de duzentos anos - o que faz com que o juiz-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, em entrevista ao JN, suspire por “um defensor público para os pobres”. Nem mais.
Mas também ficámos a saber que o senhor não gosta de julgar. “E porquê? – Ora, porque "Coloca problemas éticos muito grandes... ".
Este dado pode ser muito esclarecedor à luz dos últimos acontecimentos, mas é sobretudo a prova provada que, neste circo a que Eça chamou choldra, tudo é possível; até mesmo alguém atingir o topo de uma carreira sem gostar de fazer o que é suposto fazer.
Contudo, de um modo arrevesado, isto deve fazer algum sentido porque, por exemplo - entre as putas - quem, de facto, controla o negócio - quase nunca gosta realmente de foder.
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2 comentários:

CS disse...

Que injustiça! E então os ricos quem os defende?

o cu de judas disse...

grandes negócios: droga, politica, e prostituição, estas são as carreiras de futuro, e todas tem algo em comum a exploração, enriquecimento rápido, e desconfio que os mesmos executantes