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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A via das máscaras




"À face da terra já não há nada para descobrir, é uma tristeza"
Claude Levi-Strauss
Seduzido pelo marxismo na sua juventude, Claude Levi-Strauss cedo abandonou as ideologias porque “habituado a olhar para a humanidade através de gerações”, achava tudo muito “relativo”.
Antropólogo seduzido pela Arte e atento escrutinador dos seus mistérios, foi um dos mais redoutables adversários do preconceito, do racismo, do etnocentrismo e da estupidez em geral.
Filósofo desarmadamente despretensioso deixou escrito, no seu “Tristes Trópicos”, que “o mundo começou sem os homens e vai acabar sem eles.”
Foi com ele que aprendi, em A via das Máscaras (um estudo sobre os mitos fundadores da cultura dos índios da costa norte do Pacífico, entre o Alasca e a Colômbia Britânica), que as máscaras, para além de ocultarem faces, revelam evidências muito menos relativas, ancestrais.
Se é verdade que a cultura francesa está em declínio, com a morte aos 101 anos, do último dos seus grandes intelectuais, "la pensée francaise" despede-se assim mesmo, à francesa: em grande, redimindo-se assim de todos os seus petits cons como Gobineau, Petain, Le pen, Sarkozy ou outros cuja pequenez não cabe neste postal.
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2 comentários:

CS disse...

E assim fiquei, durante não sei quanto tempo, a olhar para a "serra de cortar pedra" rodeada de boa música e fazendo por esquecer "les petits cons" que nos rodeiam.

Inspector Patadas disse...

Pelo menos que de tudo o que deixou fique esta pequena mensagem aos menos atentos, que ficam de sobejo com que se ocupar: "O mundo nasceu sem os homens, e há-de morrer sem eles".