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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Galo Negro




Isaías Henriques N’gola Samakuva afirmou que Portugal se "tornou um destino seguro de fortunas desviadas do erário público angolano".
Bravo. É de políticos assim argutos e vigilantes que se faz uma verdadeira democracia.
Contudo, apesar de o líder do partido do galo negro ter nome de profeta bíblico, receio que tenha descoberto um segredo de polichinelo.
A verdade é que este glamoroso movimento unilateral de capitais teve início no já longínquo ano de 1482, quando Diogo Cão deu início à globalização em curso.
O fluxo teve uma súbita inflexão para o outro lado do Atlântico quando, a 15 de Agosto de 1648, Salvador Correia de Sá e Benevides libertou garbosamente Angola do jugo dos holandeses. Assim se manteve até sensivelmente 1885 quando, a 13 de Maio, a Princesa Isabel do Brasil, promulgou a Lei Áurea.
Depois disso voltou ao mesmo percurso tradicional.
Até 11 de Novembro de 1975.
Após alguns anos de escaramuças, e aventuras políticas pouco recomendáveis, as coisas foram entrando lentamente na secular normalidade com o estabelecimento, nos três países irmãos do triângulo atlântico, do mesmo sistema económico: o empreendedorismo plutocrata.
Ainda me lembro de, quando muito jovem em Angola, ouvir dizer: “Se Angola fosse bicho seria uma vaca enorme: tem os cornos na Mutamba e as tetas no Terreiro do Paço”.
Moral da estória (e da História): o bom do Isaías que ponha as barbas de molho. Ainda lhe pode acontecer o mesmo que aos 7000 soldados do exército da rainha N’zinga M’Bandi.
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