O inefável paladino da probidade da Justiça em Portugal, grande defensor de uma barreira sanitária entre a política (os políticos) e o mundo judiciário, esteve na Figueira da Foz onde foi visto passeando-se com o juiz João Ataíde. So what? – perguntais vós. Eu penso que não vem mal ao mundo que dois cidadãos, amigos, tomem juntos um cafezinho e se passeiem de braço dado pelas pitorescas ruas do burgo figueirinhas. A menos que um deles seja um candidato autárquico em vésperas de eleições e o outro uma espécie de savonarola que já foi professor de Deontologia. Interrogado pelo jornalista Jot’Alves (tiens, falando de deontologia) o tonitruante personagem referiu que a sua presença na Figueira foi apenas para “encontrar o seu grande amigo e antigo colega de faculdade (João Ataíde), com quem veio dar um passeio”; perante a estranheza, apressou-se a esclarecer que “o Bastonário não participa em campanhas eleitorais”. “Entretanto, há coisas que não lembram ao diabo, esta mania das operadoras de telecomunicações oferecerem sms á borla por vezes prega partidas. É que alguém quis dar muita importância a um simples encontro de velhos amigos e mostrou a quem quis ver uma sms do staff da candidatura do candidato do PS que dizia: “João Ataíde recebe apoio de Marinho Pinto, bastonário da AO.”Mas claro que tudo isto pode ser tudo um grande equívoco criado por espíritos maliciosos e o homem pode ter vindo à Figueira apenas para dar conselhos (de advogado) ao pobre juiz.
É que tudo indica que no decurso da campanha eleitoral e, para além de cultivar amizades comprometedoras no mundo da alta especulação imobiliária e de prometer bacalhau a pataco (o que apesar de tudo não é ilegal), o infeliz magistrado e candidato socialista terá infringido a alínea b) do nº2 do artigo 199º do código Penal e poderá mesmo (se houver queixa ou participação) arriscar-se a uma pena de prisão até um ano ou multa até 240 dias. As alegadas vítimas, dois patuscos engenheiros, também candidatos, devem estar neste momento a ponderar no que seria a acção mais decisiva da campanha. E das suas carreiras políticas.
Convenhamos que seria, digamos, irónico, que o grande mestre da acusação viesse à Figueira jogar à defesa.
Ah. Continuem com o grande Gardel. E com Cambalache, que ilustra tão bem esta posta.
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*Adoro esta palavra desde que a li pela primeira vez. Numa estória sobre um bode, de Mário Henrique Leiria
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*Adoro esta palavra desde que a li pela primeira vez. Numa estória sobre um bode, de Mário Henrique Leiria
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3 comentários:
"imarcescível", também gostei desta palavra agora na estória de outro bode.
se tiver o mesmo fim que o savanarola?
se tiver o mesmo fim que o savanarola?
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