.
Uma das premissas do encavaquismo é que a culpa é sempre, sempre, do mordomo. Lembram-se de Fernando Nogueira, imolado no altar das ambições presidenciais de suaxelência? Na época, tal facto abriu caminho à chegada triunfal do engenheiro Guterres e deu a conhecer ao país novos valores como Jorge Coelho, Pina Moura, António Vitorino e… José Sócrates.
Pois bem, a ópera bufa, a que me referi no post anterior, continua e envolve cada vez mais os seus protagonistas num vórtice de estupidez tragi-cómica. A triste figura que faz o papel de SuaXelência acabou de despedir o mordomo, perdão, o assessor (tiens, este também é fernando!)
Mas não acaba aqui. As comédias de enganos dividiam-se em actos e estes em cenas. Pois bem, agora as cenas, tristes, são distribuídas ao público em capítulos com a periodicidade de jornal diário. Mas não faz mal: as pessoas aguentam entrechos complicados desde que condimentados com pormenores sórdidos. Aguardam-se pois novos episódios.
O retrato de suaxelência saíu algo cubista. Foi uma tentativa (vã, diga-se) de esmiuçar o âmago da alma de uma personagem que encarna todo um way of life. A decomposição da figura em facetas revelou um todo vazio de densidade. O que talvez prove quão surpreendentemente grande é o espaço político que neste país é ocupado pelo vácuo.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obs. - Tornou-se já uma tradição da presidência da República: desde Mário Soares, o presidente em exercício escolhe o artista que o retrata oficialmente para a posteridade. Assim, Soares fez-se retratar por Júlio Pomar e Jorge Sampaio por Paula Rego. A Cavaco Silva, que ainda não escolheu o seu artista, eu permito-me sugerir o nome de Noronha da Costa. Trata-se, receio, do único artista capaz de captar convincentemente a intensidade atmosférica da fátua densidade psicológica da figura e do momento político em que vivemos (a técnica do sfumatto "à pistola" é a mais adequada à fixação precisa das impressões mais fugidias).
.
Obs. - Tornou-se já uma tradição da presidência da República: desde Mário Soares, o presidente em exercício escolhe o artista que o retrata oficialmente para a posteridade. Assim, Soares fez-se retratar por Júlio Pomar e Jorge Sampaio por Paula Rego. A Cavaco Silva, que ainda não escolheu o seu artista, eu permito-me sugerir o nome de Noronha da Costa. Trata-se, receio, do único artista capaz de captar convincentemente a intensidade atmosférica da fátua densidade psicológica da figura e do momento político em que vivemos (a técnica do sfumatto "à pistola" é a mais adequada à fixação precisa das impressões mais fugidias).
.
1 comentário:
Eu voto neste retrato oficial. Ficava o assunto resolvido e muito bem.
Enviar um comentário