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quarta-feira, 15 de abril de 2009

O director-geral

o povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo 
todas as qualidades e todos os defeitos.
Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades

Almada Negreiros


Para além de uma bovina e mórbida perversidade auto-punitiva, uma outra razão para o proverbial atraso civilizacional de Portugal é a capacidade que os portugueses têm de se deixarem governar por elites labregas, obtusas e pretensiosas.
Os portugueses apreciam lideranças fortes, seguras e autoritárias, ainda que de cóleras aflautadas (veja-se o caso paradigmático de Salazar e do actual primeiro-ministro, cuja moralidade duvidosa e duvidoso currículo académico comprovado lhe permitem perorar impunemente sobre a ética na política e a qualificação académica dos seus semelhantes). Esta característica tonitruante e estridente garante-lhes uma popularidade que lhes legitima toda a cadeia hierárquica de chefias nomeadas à sua imagem. De ministros a secretários de estado e a directores gerais.
O director geral de saúde Francisco George, por exemplo, acha que a "desmaterialização dos certificados de óbito" é um "grande projecto" para a saúde pública em Portugal, o "mais significativo e seguramente o mais importante". Nem mais. Quais fim das listas de espera para cirurgias! Quais introdução da estomatologia no SNS! – A certidão de óbito digital é que é!
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Mas não tenhais medo.
Já vem aí a nova fornada de ministros e directores gerais. E para aferir da sofisticação de uma elite, nada como apreciar como se diverte. Os estudantes de Coimbra meu deus, fartos da diversão pimba de lineu das suas habituais libações, descobriram o pimba alternativo (!).
Descansai, portugueses, o futuro das vossas elites está à altura obtusa do seu passado labrego. Só que desta vez sem pretensões.
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