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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Nadir Afonso ou a compreensão intuitiva dos mecanismos internos das formas



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.O homem volta-se para a geometria como as plantas para o sol: é a mesma necessidade de clareza e todas as culturas foram iluminadas pela geometria, cujas formas despertam no espírito um sentimento de exactidão e de evidência absoluta Nadir Afonso
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Num país em que a norma nas artes (como em tudo) é a adesão acéfala à vaga internacional do momento, são poucos os artistas que aliam à sua prática de atelier uma profunda reflexão teórica. Nadir Afonso é um desses casos raros.
É natural que num país assim um artista destes não faça escola e seja visto como um pobre lunático. Ao contrário de outros pensadores mais badalados, Nadir não se preocupa com a “identidade”, ou a “contemporaneidade”, ou qualquer outra bizantina “temática da problemática” tão do agrado dos meios académicos. O fulcro da sua reflexão é a busca (coerente com a sua obra plástica) de uma compreensão intuitiva dos mecanismos internos das formas, a estética, o sentido da arte - o que faz dele um português universal.
“Uma das principais ideias que sempre defendeu é a de que uma obra de arte se caracteriza pelas leis que a regem: leis matemáticas, geométricas e espaciais universais, numa situação de harmonia que a torna eterna e imutável, independente das condições socioculturais. Essas leis são distintas das que caracterizam outros objectos (não artísticos), como as da originalidade, da evocação e da perfeição (…)”
“Para Nadir Afonso, o fosso entre as faculdades de raciocínio e as de percepção é enorme, mas é nas segundas que reside a capacidade inconsciente e inata de entendimento das leis naturais. É necessário ir contra a ilusão do saber racional e científico, mesmo o dos geómetras, contra a ilusão da imanência dos objectos e contra as tendências mística e psicologicizante de interpretação. O primado da relação entre as coisas, e entre elas e o sujeito, é fundamental na crítica que faz do materialismo e do idealismo, propondo a alternativa individual, baseada na exactidão “moral” de uma lógica matemática. Segundo Nadir, “a estética não poderá constituir-se senão através de uma fenomenologia da geometria perceptiva”.
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Aqui podeis ver o Mestre e, se conguirdes alhear-vos da colecção de banalidades que "emolduram" a reportagem, ouvi-lo, de viva voz.
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