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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ao vereador do Partido Socialista que se dignou visitar este pobre sítio e esclarecer-me alguns pontos sobre a questão do Plano de Urbanização da Figueira da Foz, também eu devo algumas explicações.

Caro João Miguel Vaz

Como deve depreender, sou um espírito simples para quem o que parece é.
E o que me parece, e não só a mim, é que o que está em causa é a aprovação de um “atentado à ordenação do território”.
No meu entendimento, certamente algo beócio, não consigo compreender como alguém pode ter a pretensão de, negociando com terroristas a redução das cargas explosivas, consegue atenuar os estragos e, com isso, a absolvição do carácter monstruoso e terrorista do atentado.
É um pouco, e salvaguarde-se o possível exagero, como se alguém pensasse que, se os nazis tivessem prodigalizado um tratamento de hotel de cinco estrelas aos detidos em Auchwitz-Birkenau (em lugar de os amolecerem previamente com fome e com porrada), a enormidade revoltante do extermínio da solução final até teria sido uma opção humanista!
Não sei se me entende. Eu não compreendo como se pode querer amenizar atentados, isto é, negociar com terroristas.
O Direito rege-se por Princípios. Ao contrário do Crime. Não imagino o que podem negociar. Concedo que a política se faz de compromissos. Mas também e sobretudo de rupturas. Como a vida.
Como deve imaginar, nunca votei no seu partido, que considero co-responsável (com o seu irmão gémeo, o PSD) por todas as assimetrias regionais e concomitantes crimes urbanísticos e ambientais nos últimos trinta anos. Mas se me “afirma e reafirma” a sua oposição a este Plano, não sou ninguém para duvidar da sua probidade e na dos seus colegas. Por isso, estarei atento ao sentido do V. voto e a que espécie de PU será aprovado. Ressalvo-lhe que considero que o recurso à já habitual abstenção, para quem tem tão firmes opiniões sobre o que está em causa - não passará de uma forma óbvia de cumplicidade.
Mas se, de facto, ousarem a ruptura, ficarão, com certeza, na história do vosso partido (fazendo uma linda excepção no seu bem negro palmarés) e, pelo ineditismo da coisa, na de Portugal.
E o senhor, para além da minha admiração pessoal, ganhará também o meu voto.
Permita-me no entanto duvidar que o seu partido lhe reserve algum lugar elegível.
Cumprimentos
Fernando Campos
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