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segunda-feira, 28 de julho de 2008

A luminária


Está bem, confesso que à caricatura é inerente uma muito específica crueldade.
É certo que “se podem levantar” muitas subjectividades, mas quanto a isso… batatas. A coisa sempre é mais linear do que o Direito, pelo menos em Portugal.
Quanto mais evoluída é uma civilização, mais as suas leis são simples, sintéticas e esclarecidas. Tal não é, contudo, o nosso caso. Entre nós, as leis são intrincadas, contraditórias e labirínticas. Por isso precisamos de luminárias como o professor Amaral para dar à luz tanta obscuridade. É um desvanecimento para os papalvos. Claro que este é um trabalho árduo e especializado, por isso deve ser compensador… Parece-me.
Também me parece uma bizarria digna de caricatura que num país com uma das faculdades de Direito mais antigas da Europa - com mestres eméritos como o Prof. Amaral, que foi por diversas vezes ministro (ainda que nunca da Justiça, decerto por erros de casting), e tenha cumprido várias legislaturas no parlamento (presumo que por lá tenha andado a legislar), e também o seu émulo e mestre, o Prof. Marcello Caetano, (que também foi primeiro-ministro) - ainda “se levantem” problemas jurídicos “mal estudados no âmbito do Direito administrativo” e ao que parece, também no Direito Privado.
Ora digam lá que não é um espanto, este alfobre de sábios à beira-mar plantado!
Recordo-me que há uns anos na televisão, o velho Agostinho da Silva para resolver o atraso do país, preconizava o encerramento compulsivo de todas as universidades por uma geração, pelo menos, e começar tudo de novo - do jardim-escola. As pessoas ouviam-no, entre o fascínio e o embaraço, como quem ouve um avozinho destrambelhado.
O que faríamos com as sumidades académicas, as luminárias da nossa obscuridade como o Prof. Amaral?
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