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sábado, 26 de abril de 2008

Camilo



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Esta caricatura, sugerida pela leitura, aqui, deste naco de prosa que não resisti a recuperar e que, além de ser um belo e irónico exemplo de “teoria do romance”, chega para provar o quanto este senhor dominava a praxis literária e a Língua Portuguesa.
Pelos exemplos de acentuação, divisão silábica e ortografia, seria interessante poder ler a camiliana opinião (decerto profusamente ilustrada de saborosos e imprevistos adjectivos) sobre as regras ortográficas que posteriormente impuseram à sua Língua (e nas quais todos nós fomos educados) …
Façam favor:

“Em quanto á influencia do romance nos costumes, estou mais que muito desconfiado de que o romance não morigera nem desmoralisa.Porém, admitida a ponderação que lhe alvidram os exhortadores dos pais de família, não sei decidir como se ha de escrever o romance fautor da sã moral. São dois os expedientes: levar os personagens viciosos ao despenhadeiro; ou crear anjos n’ um paraíso sem serpente.Na primeira espécie, mostra se a lucta de virtude e crime: natural e concludentemente triumpha a virtude. E’ o costume com sacrifício, ás vezes, da verosimilhança.Na segunda forma de romancear, a virtude recebe as ovações sem batalha. O romancista põe peito á reformação das obras de Deus, e corrige-as. Quando os seus personagens se avisinham de algum sujo aguaçal, em que é uso a gente commun salpicar as botas, atam lhes as asas de serafins, e largam-lhe trella por esse azul dos céus dentro, até lhes vir a geito poisal-os em alegretes de flores.São estes os romances que moralisam, ou os outros? E’ a minha dúvida”
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