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Cheguei àquele ponto da vida em que a um artista já não basta, nem contenta, a simples e linear expressividade da manifestação plástica. É quando já se torna absurda a intenção de dar recados ou fazer bonitos. Questiona-se a fórmula, o motivo, a expressão - em todas as suas opções, o próprio olhar, a sua consciência e até a utilidade de tais propósitos.
Penso que isto deve ter que ver com maturidade.
Este pequeno quadro é o primeiro de uma série de pinturas que realizei no verão de 2004.
São trabalhos em que o verdadeiro assunto, para além da subjectividade ou objectividade do motivo, é a própria pintura.
Neles, procurei reflectir sobre a pintura, introduzindo o pintor dentro do quadro e o quadro dentro do quadro dentro do quadro, assim objectivando espaço e realidade, dentro e fora, confrontando-os com os fantasmas da imaginação.
“La vida es sueño”, pensava Calderón e embora este meu confronto seja com o real, salvaguardando as divinas proporções trata-se do mesmo grande labirinto em que Don Diego Velásquez nos faz perder (e que encontramos?) sempre que nos convidamos a visitar as meninas.
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1 comentário:
É um espectáculo!...
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