Ele encarava o desenho não como “um exercício de destreza particular, ”Mas sim como um meio de expressão de sentimentos íntimos e descrições de estados de alma”; os seus desenhos funcionam “como meios simplificados para dar mais espontaneidade à expressão”.
Creio que esta relação com o desenho é cada vez mais rara. Este entendimento do desenho como uma disciplina que permite a apreensão do sentido profundo das coisas, praticamente não existe já na chamada arte contemporânea. Ainda Matisse: “Contaram-me que os professores chineses diziam aos alunos: Ao desenharem uma árvore, devem ter a sensação de subir com ela quando começam pela base. ”Quem pontifica são os “filhos de Duchamp” para quem a anti-arte corrosiva, de protesto, do seu guru, passou a ser uma arte de citações e alusões dentro do universo fechado da linguagem artística dita contemporânea e a uma espécie de contrabando de imagens (ou não-imagens) sem sentidos e com cada vez menos sentido para o “espírito do espectador”. Noto mesmo que entre pintores, a prática do desenho é encarada hoje com ostensivo desprezo.
Estamos longe dos tempos de Matisse ou de Picasso, esse demiurgo que se apossava, através do desenho, de tudo o que via.
A arte deixou de ser uma linguagem com uma vocação universal, para passar a ser um dialecto restrito, muito difundido mas pouco entendido.
Mas um último reduto, onde a prática do desenho ainda vive e se recomenda, é no cada vez mais rico e variado mundo da banda-desenhada.
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